Aoca apresenta ÁRIDA 2 e ganha destaque nacional em série de iniciativas

A desenvolvedora baiana Aoca Game Lab marcou presença no Bahia Tech Experience (BTX), evento dedicado à inovação e tecnologia, com a primeira exibição pública de ÁRIDA 2: Rise of the Brave. A demonstração ocorreu em um estande temático que atraiu o público com brindes, palestras sobre o processo de criação e a oportunidade de testar a nova versão do jogo.

Entre os visitantes, o professor de robótica Ebert Melgaço, de Ilhéus, destacou a jogabilidade fluida e o orgulho de ver um título produzido na Bahia ganhando projeção nacional.

Sobre o evento, Anderson Sampaio, CTO da empresa, frisa que “toda exposição pela primeira vez gera uma certa expectativa. Temos algum tempo fazendo playtestes controlados, mas essa foi a primeira vez que literalmente colocamos o controle nas mãos das pessoas de forma livre. E foi incrível. Boas impressões sobre a parte visual e a narrativa, além da evolução do jogo enquanto produto. É muito legal presenciar o desejo das pessoas em saber como a jornada de Cícera vai se desenrolar.

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A Aoca também foi convidada pelo Google para representar o Nordeste na campanha “5 Regiões, 10 Histórias”, lançada no Dia do Empreendedor (5 de outubro). A iniciativa apresentou empresas de todo o país que utilizam ferramentas do Google Workspace com o recurso de Inteligência Artificial Gemini. As gravações da Aoca ocorreram em Canudos, cenário e inspiração central da franquia ÁRIDA, com participação de seis integrantes da equipe e foco no game designer e historiador Filipe Pereira.

Encerrando o ciclo de novidades, a empresa foi destaque no documentário “Game Dev Brasil”, produzido pela TV Brasil em parceria com a Rodô Audiovisual. No episódio final, Made in Brasil, a série explora o potencial dos jogos nacionais que retratam a cultura brasileira, com entrevistas sobre o desenvolvimento de ÁRIDA: Backlands Awakening. O programa vai ao ar às quintas-feiras, às 23h, na TV Brasil.

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Sobre o documentário, Victor Cardozo, CMO da Aoca celebra o fato de que “sempre é muito gratificante poder eternizar a história do que estamos fazendo. É muito legal extrapolar o mundo dos games. Ir para TV e documentários. Isso mostra também o próprio amadurecimento da indústria. Essa gravação foi bem especial pois mais uma vez fomos filmar no sertão, o que é para nós é sempre uma grande honra. Estamos agora ansiosos para ver os demais episódios

Após um período de grande visibilidade, a Aoca segue desenvolvendo ÁRIDA 2, prometendo novidades para os fãs da jornada de Cícera.

Hell Clock: roguelite brasileiro desafia tempo, história e habilidades do jogador

Hell Clock se destaca como uma das surpresas mais singulares do cenário de roguelites e ARPGs recentes, fundindo um universo original, estrutura desafiadora e mecânicas inovadoras em torno do conceito do tempo. Concebido pelo estúdio brasileiro Rogue Snail, o jogo entrega não apenas uma ode à história nacional, mas uma experiência que tensiona decisões a cada segundo. A seguir, uma análise aprofundada, com explanação detalhada dos pontos fortes e problemáticos que moldam a jornada.

Pajeú e o Relógio do Inferno

O sertão arde. O sol queima a terra e o sangue que nela escorre. Canudos, a cidade de barro e fé, jaz em ruínas. Foi ali que homens e mulheres, pobres, ex-escravizados, retirantes, resistiram ao peso do mundo — e ao peso do Estado. Foi ali que Antônio Conselheiro pregou esperança e construiu uma comunidade livre, até que o exército da jovem República decidiu apagá-la do mapa.

Quando a última bala silenciou a última voz, quando a fumaça se misturou às preces e às chamas, algo se partiu no tempo. É desse ponto que Hell Clock começa: no instante em que a história termina. Pajeú, desperta não no sertão, mas no inferno — um purgatório feito de poeira, ossos e demônios.

Cada inimigo que enfrenta não é apenas um monstro, mas um fragmento da memória. Eles são os gritos dos mortos, os soldados que marcharam, a fome que consumiu o povo, os preconceitos que chamaram aquele povo de bárbaro e fanático. O relógio que rege esse inferno gira sem parar, repetindo o ciclo de dor e luta — e a cada volta, Pajeú desce de novo, mais forte, mais marcado, mais perto de libertar a alma de Conselheiro.

Hellclock

Ambientação para um universo brutal

Um dos aspectos mais notáveis de Hell Clock é, sem dúvida, sua narrativa, que utiliza a Guerra de Canudos (1896-1987) como pano de fundo. A história acompanha o trágico Pajeú, na busca de recuperar a alma de seu mentor, enquanto a morte ronda cada decisão e fracasso tem consequências palpáveis. No entanto, a escolha de usar um momento histórico real é mais do que mero gatilho narrativo: insere camadas de esperança, luta e, surpreendentemente, otimismo, mesmo com a densidade temática do inferno literal e metafórico ao qual Pajeú retorna incessantemente.

Essa abordagem histórica se soma a um tom visual bastante expressivo. A arte de traços vibrantes e detalhes grotescos, mergulha o jogador num pesadelo inacabável, potencializado por uma trilha sonora que alterna entre o sombrio e o épico, criando coesão para um jogo de ação frenética. A dublagem é um ponto forte e potencializa o drama; personagens quebrados, vozes marcadas por sofrimento, encaixam-se ao contexto de guerra e resistência.

É preciso pontuar, porém, que a narrativa perde o foco em meio a ação, como é esperado. A velocidade exigida pelo relógio de Hell Clock pode fazer com que trechos da história acabem sendo rapidamente esquecidas ou ignoradas. Há quem perceba Pajeú como enigmático demais, quase impenetrável, o que pode gerar distanciamento emocional — principalmente após maratonas de sessões onde a progressão se sobrepõe à narrativa.

Em contrapartida, cutscenes, diálogos e frases de determinados personagens são capazes de apontar para um momento histórico trágico e sem esperança; a escolha de ambientar Hell Clock em uma espécie de purgatório, inferno, com um período de guerra e massacre é acertado para passar sua mensagem.

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Além do relógio

O centro gravitacional de Hell Clock é seu sistema de tempo, que limita cada run a poucos minutos— embora a possibilidade de expandir o limite —; tal escolha resulta numa tensão constante, favorecendo estratégias rápidas e experimentais. Inicialmente, essa mecânica pode soar restritiva, mas logo mostra seu valor: acelera o ciclo de tentativa e erro, incentiva experimentação de builds e cria um senso permanente de urgência. O relógio para apenas em chefes e eventos especiais, demandando decisões cruciais sobre qual caminho tomar, qual recurso arriscar, ou se vale a pena explorar.

Cada morte serve como plataforma para novos upgrades. Coletando Soulstones, o jogador pode investir na evolução permanente de Pajeú, seja ampliando o tempo disponível, desbloqueando portais que pulam andares, ou liberando novas habilidades. As relíquias, equipáveis conforme o espaço no inventário, surgem com bônus e poderes variados — algumas transformadoras de gameplay, outras triviais. Embora o sistema de builds permita alguma variação, o meta acaba favorecendo poucos estilos realmente eficientes, algo notado sobretudo em runs avançadas e modos de maior dificuldade.

O jogo oferece alternativas que expandem a acessibilidade. Há modos Relax, que aliviam a pressão do relógio, e modo Hardcore, onde morrer apaga todo o progresso, elevando o nível de desafio. Servem para adaptar a experiência tanto para iniciantes quanto para aqueles em busca de desafio extremo — um acerto notável no design, embora a variedade de caminhos ainda dependa do equilíbrio das relíquias disponíveis nas runs.

Hellclock

Estrutura, Conteúdo e Repetição

A estrutura de Hell Clock é desenhada para partidas rápidas, mas não superficiais. O jogo conta com três atos principais, cada um com biomas, inimigos e chefes distintos — o suficiente para evitar o desgaste inicial, embora o repeteco das runs seja inevitável a médio e longo prazo. A geração procedural dos mapas, como acontece em boa parte dos roguelites, entrega resultados mistos: cenários com boa atmosfera, mas layouts repetitivos após algumas horas, o que pode cansar quem busca inovação constante na arquitetura dos níveis.

A base central, ou hub, evolui junto com o progresso do jogador. Este espaço não serve apenas como área de descanso, mas como ponto de personalização — novos equipamentos, aumento de slots de relíquias e o desbloqueio de perks via constelações tornam cada retorno ao hub recompensador, diminuindo a frustração das derrotas sequenciais. Essa sensação de avanço persistente é reforçada pelo sistema de memória, que permite redistribuir pontos e experimentar novas abordagens a cada ciclo.

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No conteúdo pós-campanha, Hell Clock aposta em uma variedade respeitável: modos ascendentes (ascension) mudam as regras, dificultam runs e alimentam o ciclo para veteranos, enquanto eventos e side-quests fornecem camada extra à aventura. A presença de modos Hardcore e Relax reforça a longevidade. No entanto, a ausência de variedade substancial nos layouts e o design procedural pouco inspirado prejudicam o engajamento de longo prazo.

Performance, Técnica e Polimento

Apesar do design artístico bem resolvido, Hell Clock apresenta problemas técnicos que não podem ser ignorados. A performance em PCs modestos e principalmente no Steam Deck é inconsistente: quedas de FPS são comuns, especialmente nos atos finais e em cenas com muitos inimigos simultâneos. Bugs pontuais, como missões presas e problemas de colisão em chefes, também aparecem, embora não sejam impeditivos para a experiência geral. O suporte a controles é vasto e funciona bem, um ponto positivo para a acessibilidade.

O jogo impressiona em iluminação e clima, com cenas visualmente poderosas que compensam limitações na modelagem de cenários. Entretanto, a ausência de recursos básicos como escalonamento de fonte pode atrapalhar a leitura em portáteis. A trilha é competente e o mix de sons cria tensão, mesmo em momentos onde o gameplay repete padrões. A equipe responsável promete atualizações frequentes — especialmente no campo de otimização e balanceamento –, atenuando parte da preocupação técnica para o futuro.

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Embora seu conjunto técnico não prejudique severamente o valor do jogo, é importante ressaltar que a experiência ideal só acontece em máquinas mais potentes, ou para jogadores tolerantes a soluços ocasionais. Bugs de missões inacabadas e freezes em situações de combate intenso podem gerar frustração, mas dificilmente comprometem o todo para os obstinados pelo loop de run-and-upgrade.

 

Um dos melhores títulos nacionais

Hell Clock consolida-se como uma experiência intensa, desafiante e inovadora para quem aprecia roguelites e ARPGs, sobretudo aqueles abertos a experimentação, contexto histórico e desafios que vão além do mero grind. Embora a performance inconstante, o procedural repetitivo e a limitação nas builds sejam pedras no sapato, a criatividade do design, a força da ambientação e a estrutura de progresso recompensador tornam o jogo uma adição distinta e memorável ao gênero.

 

Texto por: Fernando Paixão Rosa

ÁRIDA: uma jornada pelo sertão brasileiro chega aos consoles

O sertão baiano e sua rica cultura ganharam destaque nos consoles com o lançamento de ÁRIDA: Backland’s Awakening para Nintendo Switch e Xbox. Após conquistar mais de 250 mil jogadores em PCs e dispositivos móveis, o premiado jogo agora amplia seu público, proporcionando uma experiência única para todos os tipos de gamers.

Desenvolvido pela Aoca Game Lab, ÁRIDA combina aventura e sobrevivência em uma narrativa ambientada no sertão brasileiro. O jogo apresenta a história de Cícera, uma garota de 13 anos que enfrenta a dura realidade de uma grande seca enquanto busca alcançar Canudos, a terra prometida. A experiência mistura desafios emocionantes com momentos aconchegantes, trazendo elementos que retratam os hábitos e costumes da região.

Entre os destaques do jogo estão:

        • Um modo single-player focado na narrativa, com missões repletas de personalidade;
        • Mapas, áreas e tesouros a serem descobertos;
        • Itens e artesanatos inspirados na cultura sertaneja, como receitas e ferramentas tradicionais;
        • Personagens cativantes e interações envolventes;
        • Um artbook com ilustrações e bastidores do desenvolvimento;
        • Suporte para mais de 10 idiomas e 30 conquistas personalizadas por plataforma.

Reconhecido internacionalmente e vencedor de prêmios, ÁRIDA: Backland’s Awakening é o primeiro de uma trilogia planejada pelo estúdio. O título se destaca por sua abordagem sensível e inovadora, oferecendo uma ambientação rara no universo dos games e um retrato autêntico do sertão brasileiro.

Jogadores interessados podem adquirir suas versões para consoles por meio das plataformas oficiais da Nintendo e Xbox. ÁRIDA promete não apenas entreter, mas também apresentar um Brasil pouco explorado nos games. Uma oportunidade imperdível para quem busca aventuras marcantes e imersivas.