Monster Couch leva o universo encantado de Flamecraft para os PCs

A desenvolvedora polonesa Monster Couch anunciou o lançamento de Flamecraft para PC via Steam, adaptando o aclamado jogo de tabuleiro homônimo para o mundo digital. A proposta é transportar os jogadores para um universo mágico e acolhedor, onde simpáticos dragões artesãos ajudam a movimentar o comércio de uma pitoresca vila fantástica.

O jogador assume o papel de um Guardião das Chamas (Flamekeeper), cuja missão é distribuir os dragões pelas lojas da cidade para maximizar a coleta de recursos, lançar encantamentos e criar combinações estratégicas que aumentam sua reputação. Ao final da partida, vence quem acumular mais pontos de reputação, conquistando o título de Mestre do Flamecraft.

A versão digital mantém a essência do jogo de tabuleiro criado por Manny Vega, que foi ilustrado por Sandara Tang e conquistou diversos prêmios e elogios. A recepção crítica do jogo físico foi calorosa: Tom Vasel, do canal The Dice Tower, deu nota 9 de 10, elogiando sua temática e jogabilidade envolvente. Já o site IGN destacou sua acessibilidade e charme visual. O jogo também levou o prêmio de Jogo Favorito do Público na Origins Game Fair em 2022.

Entre os principais atrativos da adaptação estão as mais de 70 animações de dragões e 30 lojas diferentes que ganham vida em um cenário tridimensional vibrante. A trilha sonora é assinada por Paweł Górniak, conhecido por seu trabalho em Wingspan e Quilts and Cats of Calico, prometendo uma imersão sonora à altura da fantasia.

Flamecraft oferece modos de jogo solo e multijogador, incluindo partidas com amigos ou contra outros usuários online, combinando estratégia, administração de recursos e uma boa dose de magia em cada jogada. Interessados já podem adicionar o jogo à lista de desejos na Steam.

Abaixo tem o trailer de Flamecraft:

Tempest Rising marca estreia com diário final de desenvolvimento e trailer de lançamento

O jogo de estratégia em tempo real Tempest Rising já está disponível para PC e celebra sua chegada ao mercado com o lançamento do episódio final da série documental “Beyond the Battlefield”. Produzido pela desenvolvedora Slipgate Ironworks em parceria com as editoras 3D Realms e Knights Peak, o título busca revitalizar o gênero RTS ao unir mecânicas clássicas com elementos modernos.

Desde o lançamento em 17 de abril, o jogo tem sido bem recebido por fãs e crítica especializada, destacando-se pelo equilíbrio entre nostalgia e inovação. Inspirado nos clássicos do gênero dos anos 1990, Tempest Rising traz campanhas ambientadas em uma linha do tempo alternativa, disputas entre facções distintas e recursos técnicos atualizados que modernizam a experiência sem perder o espírito retrô.

A série documental, agora completa com quatro episódios, oferece um olhar aprofundado sobre o processo criativo por trás do jogo. Os episódios anteriores abordaram desde as origens do projeto até detalhes sobre a trilha sonora — composta por Frank Klepacki, referência no universo RTS. Já o episódio final, lançado nesta semana, destaca como o feedback da comunidade influenciou o design das mecânicas, especialmente no modo multiplayer.

Além do conteúdo audiovisual, os desenvolvedores continuam trabalhando em atualizações para manter o jogo em constante evolução. Em 24 de abril, uma primeira grande atualização trouxe partidas ranqueadas e tabelas de classificação globais. Em breve, o título também receberá novos recursos, como o modo espectador, suporte a grupos em filas e a inclusão da facção Veti como jogável.

Tempest Rising está disponível no Steam por R$ 135,90 na edição padrão e R$ 169,90 na versão deluxe, que inclui um livro de arte digital e a trilha sonora com 41 faixas. Mais informações podem ser encontradas no site oficial do jogo.

Abaixo tem o trailer de Tempest Rising:

Review – Clair Obscur mostra que um jogo não precisa ser AAA para ser nota 10

Em tempos em que jogos AAA custam 350 reais — e agora estão chegando aos 500, como Mario Kart World —, olhar para jogos com escopo mais simples e, consequentemente, mais baratos é o caminho ideal para o apreciador de games trilhar. Esses jogos podem oferecer experiências divertidas, mas às vezes carecem de um bom polimento ou de uma qualidade impressionante — embora, atualmente, até os gigantes da indústria falhem nesses aspectos. Hoje vamos falar de Clair Obscur, a nova sensação do momento.

Mas e se algum desses jogos mais simples for uma joia extremamente lapidada? E se esse jogo for um RPG inspirado em grandes sucessos do passado, mas moderno o suficiente para competir com os maiores títulos da atualidade? Esse jogo existe e se chama Clair Obscur: Expedition 33, o primeiro título do estúdio francês Sandfall Interactive, formado por 30 veteranos da indústria.

Em um mundo onde há uma contagem regressiva indo de 100 a 0 — e a cada ano pessoas com a idade correspondente morrem, ao melhor estilo do estalo do Thanos, aqui causado por uma misteriosa entidade chamada Artífice —, você assume o papel de Gustave. Ele faz parte da Expedição 33, grupo de pessoas que têm no máximo 32 anos de idade, cuja missão, ao lado de seus companheiros, é algo aparentemente simples, mas que nunca foi realizado antes: derrotar a criatura e interromper o evento anual conhecido como Gonmage.

À medida que você avança na história, encontra diários que são os últimos relatos de algum membro de outra expedição. Os textos vão de algo engraçado a melancólico — e melancolia é o sentimento que define esse jogo.

Com uma premissa simples, porém eficaz, especialmente pela forma como é apresentada ao jogador, você rapidamente mergulha no universo de Clair Obscur. O jogo te lança diretamente em um RPG por turnos que exige não só estratégia, mas também reflexos rápidos.

Combate: fácil de aprender, difícil de dominar

O combate evolui à medida que o jogo avança. No início, parece ser um RPG por turnos tradicional, no qual você escolhe entre atacar, usar itens ou habilidades. Logo é apresentado o sistema de defesa, em que defender um ataque inimigo permite contra-atacar — e isso é altamente recompensador. Em seguida, o jogo introduz o sistema de esquiva, uma forma mais fácil de se defender, mas que oferece menos recompensas.

Com a adição de personagens com mecânicas únicas, nenhum deles é jogado da mesma forma. Gustave, por exemplo, é o mais simples, mas sua mecânica permite acumular eletricidade para realizar um ataque poderoso. Já Lune trabalha com elementos e uma runa dividida em quatro partes. Cada parte representa um elemento, e combiná-los da forma certa garante vantagens no combate. Existem também personagens que alternam entre posturas ofensivas e defensivas, um personagem claramente inspirado em hack and slash, como Devil May Cry — que ganha classificação de D a S —, e até um personagem que imita os inimigos.

Essas variações tornam o combate de Clair Obscur único. A fluidez das batalhas impede que o jogo se torne monótono. É o tipo de jogo que consegue convencer até os jogadores que não gostam de RPGs por turno a dar uma chance. Ele é acessível desde o início e, rapidamente, passa a exigir muita atenção. Cada batalha pode ser vencida utilizando todos os recursos disponíveis. Os inimigos estão sempre tentando te superar — e, às vezes, uma boa defesa vale mais do que um ataque planejado. Conseguir executar um parry com sucesso pode mudar o rumo do combate. A esquiva é mais segura, mas não gera a mesma recompensa. Sendo assim, o jogo exige estratégia e coragem do jogador.

Sistema de RPG: eficaz e criativo

Ao fim do combate vêm as recompensas. Em Clair Obscur, a quantidade de experiência adquirida é alta por dois motivos. Primeiro, você precisa subir de nível rapidamente para enfrentar inimigos mais fortes. Segundo, é necessário desbloquear habilidades essenciais. A cada nível, o jogador recebe três pontos para distribuir em atributos que vão de Força até Sorte — cada um importante para diferentes estilos de jogo e armas ou pictos.

Os pictos são equipamentos que aumentam certos atributos ou adicionam habilidades passivas, como bônus no ataque básico ou mais dano em contra-ataques. Cada personagem pode equipar até três pictos e, como são únicos, é necessário montar builds específicas para aproveitar melhor cada personagem.

Como o jogo praticamente não exige grinding — ou seja, não há necessidade de repetir batalhas para evoluir —, o jogador tem a falsa sensação de que está tudo indo bem. De repente, sente-se fraco e percebe que esqueceu de equipar os luminas. Esses são habilidades passivas que o personagem aprende com o tempo em que permanece com determinado picto. Existe, então, uma rotatividade natural desses equipamentos. O jogador não precisa se apegar a uma única habilidade: basta aprendê-la e depois equipar algo melhor.

Por ser um RPG influenciado por jogos como Legend of Dragoon, Chrono Trigger, Final Fantasy e Lost Odyssey, o título entrega três elementos essenciais: um mapa grandioso, personagens icônicos e uma trilha sonora impecável.

Mapa que resgata a nostalgia da exploração

O jogador tem em mãos um mapa-múndi ao estilo dos clássicos do PS1, com personagens em escala gigante e cenários pequenos. Você caminha por esse mapa, encontra inimigos posicionados em locais fixos, visita cidades e explora cavernas. Nada de batalhas aleatórias. Algumas áreas estão disponíveis logo no início e podem conter inimigos muito fortes. Outras trazem boas recompensas. A nostalgia é intensa, especialmente para quem viveu os RPGs antigos, nos quais cada descoberta era única. Ao longo da jornada, você desbloqueia habilidades que permitem explorar novas áreas e alcançar locais que antes pareciam inacessíveis.

Personagens: a cereja do bolo

Alguns personagens envolvem spoilers, então serei breve. Basta saber que os personagens são o ponto alto do jogo. Há muito tempo não se via um elenco tão cativante. Em muitos RPGs, você se apega a um ou outro personagem. Aqui, todos são importantes e emocionam. Suas histórias variam entre tristes, engraçadas e cativantes. O jogo ainda oferece um sistema de afinidade com esses personagens, que, ao ser desenvolvido, rende habilidades extras.

O texto de Clair Obscur dialoga com temas como legado, luto e futuro. Cada personagem tem motivações claras, bem apresentadas ao jogador. A localização está excelente e ajuda na imersão. E sim, em alguns momentos, eu chorei.

Clair Obscur

Trilha sonora: melodias que emocionam

Lorien Testard é o compositor de Clair Obscur, e seu trabalho é memorável. As composições são doces e melancólicas, transmitindo perfeitamente a atmosfera do jogo. O clima de urgência e última esperança está presente em todos os ambientes, e a trilha sonora reforça isso com maestria. Em pouco tempo, você estará cantarolando algumas músicas e, quem sabe, adicionando-as à sua playlist do Spotify.

Visual: Belle Époque com Unreal Engine


O visual de Clair Obscur é inspirado na Belle Époque, período de paz e prosperidade na Europa entre 1871 e 1914. Elementos do Impressionismo, Art Nouveau e Simbolismo estão presentes em tudo — desde o figurino e paleta de cores até os cenários e os monstros, chamados de Nevrons. Muitos cenários misturam arquitetura realista com abstrações visuais. Tudo isso é lindamente trabalhado na Unreal Engine. A direção de arte é quase perfeita, principalmente considerando que o escopo do projeto é modesto. O resultado é impressionante.

Se não é AAA, o que é então?

Clair Obscur custa 200 reais na Steam e está disponível no Game Pass. Isso o torna um jogo AA? Não exatamente. O que revela seu orçamento médio são detalhes perceptíveis como expressões faciais pouco trabalhadas, animações de corrida um pouco estranhas e mapas com design linear, onde geralmente há apenas um caminho principal. Se você encontrar outro caminho, ele provavelmente leva a um item, mas nunca altera a rota. Os mapas também, por muitas vezes, são poluídos e não oferecem um bom senso de direção. Esses aspectos não prejudicam a experiência, mas indicam as limitações do projeto.

Mesmo assim, fica claro que o estúdio soube escolher suas batalhas. E venceu todas. O resultado é o melhor jogo possível, dentro do possível. Clair Obscur está disponível na Steam.

Nota: 10

Texto por: Victor Candido