Jogos de tabuleiro: uma alternativa criativa que pode ser produzida pelas próprias crianças

Nosso destaque do dia vai para jogos de tabuleiro. Pois bem, os alunos da Educação Infantil do Colégio Marista Arquidiocesano, um dos mais tradicionais da capital paulista, confeccionaram jogos de tabuleiro personalizados e isto motiva um texto para evidenciar e demonstrar os benefícios desses jogos.

Os jogos de tabuleiro podem trazer muito mais do que diversão, pois é possível aprender e engajar as crianças com recursos lúdicos e criativos. Com os jogos, estão disponíveis para se trabalhar uma grande variedade de conteúdos, exercitando a criatividade e o pensamento lógico, além de desenvolver a cooperação e o respeito com o próximo. Por meio de uma proposta divertida, são estimuladas diferentes habilidades como a criatividade, a negociação e a colaboração.

“O uso dos jogos estimula novas formas de pensar, fortalecendo e treinando a cognição. A atividade se revela importante na resolução de problemas, estratégia, raciocínio lógico, criatividade, socialização e integração”, explica a professora responsável pela atividade, Débora Santos.

Além de desenvolver o raciocínio lógico, as crianças podem se divertir em um ambiente de disputa saudável e educativo. Veja alguns benefícios que os jogos de tabuleiro podem proporcionar:

      • Ajudam no desenvolvimento cognitivo e social: habilidades sociais podem ser aperfeiçoadas com o uso de jogos, ajudando a integrar a criança ao coletivo. Elas também aprendem a seguir regras e compartilhar com os outros.

      • Incentivam a interação social: a maioria dos jogos é projetada para ser jogada em grupo, isso ajuda a evitar a solidão e a construir relações positivas.

      • Promovem a reunião em família: alguns jogos são desenhados especialmente para serem jogados em família. Essa é uma grande oportunidade para todos se reunirem e participarem de algo juntos.

      • Reduzem a ansiedade: jogar ajuda a manter o equilíbrio mental e a relaxar, isso porque promovem a imaginação.

Jogos antigos devem migrar para o caminho dos jogos online e tornar as crianças mais criativas, segundo pesquisadora

Unir o novo com o antigo, é essa a perspectiva que um grupo de pesquisadores vislumbram para o mercado de jogos eletrônicos para o futuro. Para a pesquisadora Sonia Livinstone, da London School of Economics, as Brincadeiras antigas são a nova inspiração para a criação de jogos online. Isso se justificaria, segundo a pesquisadora, devido a uma tendência ao esgotamento da criatividade e redução dos benefícios do entretenimento digital que será revertida apenas se os criadores de jogos, as empresas e as famílias buscarem inspiração no mundo real, analógico, para desenvolver e usar novos jogos online.

Livingstone coordenou uma pesquisa e divulgou uma lista de 12 características que devem ser fortalecidas nos jogos eletrônicos do futuro. Em seu relatório “Playful by Design” (algo como “divertido seguindo princípios ou propósitos”), Livingstone apresenta ainda os resultados de pesquisas feitas com as próprias crianças e adolescentes sobre o que elas mais apreciam e o que mais incomoda no uso cada vez mais intenso de jogos online.

A pesquisadora inglesa é o destaque no lançamento da plataforma “Jogos Online, Infância e Adolescência” (JOIA), uma iniciativa da rede “Games for Change América Latina”. O relatório “Playful by Design” será lançado com uma “live” no dia 19 de abril e terá versões em português e espanhol.

“Queremos fortalecer a comunidade dos profissionais que atendem aos mercados de jogos eletrônicos para crianças e adolescentes, sejam educadores, assistentes sociais, game designers, gestores do terceiro setor e de políticas públicas. A plataforma JOIA também terá uma área especial para familiares preocupados com o uso excessivo, a violação de privacidade e o consumismo promovido por publicidade interna aos jogos”, informa Gilson Schwartz, presidente da “Games for Change América Latina” e professor do Departamento de Cinema, Rádio e TV da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

Além de Sonia Livingstone, a plataforma realizará mais vinte sessões ao vivo com uma hora de duração até o começo de agosto de 2022. A partir de então as escolas e outras organizações voltadas aos direitos e oportunidades para crianças e adolescentes serão convidados a criar jogos por meio de oficinas e softwares. Os melhores projetos serão premiados no X Festival Games for Change América Latina, no final de novembro.

Mais informações estão disponíveis no link da rede G4C Latam, assim como inscrições e pedidos de gratuidade.

Universidade Federal do Espírito Santo usa jogos de tabuleiro para ensinar química a detentos

Durante o período de pandemia muito tem se falado de projetos voltados a ressocialização da população carcerária. Um dos projetos vem diretamente da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que acaba de desenvolver um método para ensinar química em instituições penitenciárias utilizando jogos adaptados para a população adulta. O trabalho, desenvolvido por estudantes de química, foi apresentado em fevereiro deste ano no Simpósio da Organização Internacional para Educação em Ciência e Tecnologia (IOSTE, na sigla em inglês), na Coreia do Sul, realizado em formato online.

As autoras do projeto são Iara Koniczna e Larissa Feitosa, que cursaram química na Ufes. Elas usaram jogos feitos de material de papel para ensinar a tabela periódica e as combinações entre elementos químicos, entre outros conteúdos. O trabalho, desenvolvido durante o estágio de Iara no Complexo Penitenciário de Xuri, em Vila Velha, foi apresentado na conclusão da graduação, em 2019. A experiência direcionou a carreira de Iara, que segue lecionando para pessoas privadas de liberdade.

A ideia surgiu diante dos desafios que Iara observou durante as aulas que acompanhou no Complexo Penitenciário, que possui uma série de restrições. Não é possível, por exemplo, fazer experimentos químicos.

Em algumas unidades, segundo Iara, os presos não podem sequer levar os livros para as celas para estudar, nem ter acesso a lápis fora dos horários de aula. “Tem sempre o mesmo problema, o esquecimento. Com o jogo, eles acabam fazendo mais conexões e conseguem ter melhor aprendizado e melhor memorização a respeito do conteúdo trabalhado”, diz Iara.

As estudantes basearam-se no jogo de tabuleiro Tabela Maluca, desenvolvido em pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR), para explicar os conceitos e propriedades dos elementos químicos. Outro jogo usado foi Batalha Naval, para ensinar dados dos elementos químicos, como período, números atômicos e raio atômico.

“Aplicamos um questionário com perguntas abertas sobre a tabela periódica e as respostas dos alunos foram muito frustrantes. Na outra semana, utilizamos os jogos e, depois, aplicamos o mesmo questionário. As respostas foram gratificantes”, conta. Ao final, 98% dos estudantes disseram que gostaram da aula.

Durante a pandemia, a educação foi afetada como um todo. Nas prisões, no entanto, a internet não é uma opção para a educação. “Nós selecionamos os conteúdos e fazemos um questionário para eles responderem. A gente nota uma dificuldade muito grande porque eles não têm muito recurso, têm dificuldade de entender”, diz, Iara. Segundo o Depen, até o final de março foram confirmados 46.889 casos de covid-19 no sistema prisional, com 143 óbitos em decorrência da doença.