Kritter: Defend Together ganha demo e trailer mostrando ação cooperativa

O estúdio LJF Games anunciou o lançamento da demo jogável de Kritter: Defend Together, um roguelite de defesa de base que permite que de 1 a 4 jogadores se unam para enfrentar hordas de inimigos.

No jogo, os participantes exploram cenários coloridos, constroem defesas e evoluem a cada tentativa, combinando estratégia, combate frenético e cooperação. O destaque é M.Ark, uma nave espacial falante e amnésica que serve como base e narrador, oferecendo humor constante durante as missões.

Kritter: Defend Together

A demo, disponível na Steam, permite experimentar a jogabilidade em ritmo acelerado, o tom bem-humorado e os diferentes modos de combate. O trailer oficial também foi divulgado, mostrando os ambientes vibrantes e a ação cooperativa.

Entre os principais recursos estão o combate hack ‘n’ slash de visão superior, fases de defesa e exploração, e três classes distintas: Defensor (curta distância), Engenheiro (média distância) e Rastreador (longa distância). O progresso ocorre em ciclos temporais, com melhorias permanentes obtidas após cada derrota, e a história se desenrola à medida que M.Ark recupera suas memórias.

Kritter: Defend Together oferece desafios pensados para o jogo em grupo, mas também pode ser jogado individualmente, mantendo a diversão em qualquer configuração. Para mais informações, acesse a página do game na Steam.

Abaixo tem o trailer de Kritter: Defend Together:

Demo de Mad King Redemption já pode ser testada no Steam Next Fest

O estúdio independente Secret Mission anunciou que a demonstração de Mad King Redemption já está disponível durante o Steam Next Fest, evento dedicado a novos jogos e experiências indie que ocorre até 20 de outubro. O lançamento completo do título está previsto para o primeiro trimestre de 2026, em acesso antecipado para PC (via Steam e Epic Games Store) e Xbox, com suporte para 17 idiomas no lançamento.

Ambientado em um universo de fantasia sombria, o jogo apresenta um enredo trágico: um rei enlouquecido mergulha o próprio reino no caos após tentar ressuscitar a rainha com o uso de magia proibida. O jogador assume o papel de heróis que buscam restaurar a ordem, enfrentando hordas de inimigos e revelando os segredos por trás da ruína do trono.

Mad King Redemption combina o estilo clássico dos beat’em ups com mecânicas modernas de roguelite, oferecendo combates dinâmicos, progressão constante e um sistema de evolução que recompensa tanto a habilidade quanto a estratégia. Cada vitória concede ao jogador a chance de fortalecer sua irmandade de guerreiros, desbloqueando novas habilidades, artefatos e personagens jogáveis que contribuem para a luta contra o rei insano.

O jogo oferece quatro heróis principais, cada um com história própria, estilo de combate distinto e atributos personalizáveis. Todos compartilham um mesmo fardo: cometeram pecados e buscam redenção por meio da batalha. Essa abordagem narrativa dá profundidade emocional ao jogo, aproximando o jogador dos dilemas morais que permeiam o enredo.

A experiência é marcada por progressão aleatória, característica dos roguelites, o que garante que nenhuma jornada seja igual à anterior. Em cada incursão pelo reino corrompido, o jogador encontra novos inimigos, desafios e oportunidades de adquirir poderes proibidos — embora aceitar tais dons traga consequências imprevisíveis. As decisões tomadas moldam o caminho entre a salvação e a perdição, conferindo ao título uma dimensão estratégica além da ação.

Entre os destaques técnicos estão o combate fluido e responsivo, os controles precisos e o sistema de habilidades combinadas, que permite mesclar melhorias passivas, ataques especiais e poderes corrompidos obtidos ao longo das batalhas. A direção de arte aposta em gráficos tridimensionais com atmosfera sombria e detalhada, reforçando o clima de decadência do reino dominado pela loucura.

A demo gratuita pode ser testada até o fim do Steam Next Fest, oferecendo uma prévia do que o estúdio prepara para o lançamento em 2026.

Abaixo tem o trailer de Mad King Redemption :

Hell Clock: roguelite brasileiro desafia tempo, história e habilidades do jogador

Hell Clock se destaca como uma das surpresas mais singulares do cenário de roguelites e ARPGs recentes, fundindo um universo original, estrutura desafiadora e mecânicas inovadoras em torno do conceito do tempo. Concebido pelo estúdio brasileiro Rogue Snail, o jogo entrega não apenas uma ode à história nacional, mas uma experiência que tensiona decisões a cada segundo. A seguir, uma análise aprofundada, com explanação detalhada dos pontos fortes e problemáticos que moldam a jornada.

Pajeú e o Relógio do Inferno

O sertão arde. O sol queima a terra e o sangue que nela escorre. Canudos, a cidade de barro e fé, jaz em ruínas. Foi ali que homens e mulheres, pobres, ex-escravizados, retirantes, resistiram ao peso do mundo — e ao peso do Estado. Foi ali que Antônio Conselheiro pregou esperança e construiu uma comunidade livre, até que o exército da jovem República decidiu apagá-la do mapa.

Quando a última bala silenciou a última voz, quando a fumaça se misturou às preces e às chamas, algo se partiu no tempo. É desse ponto que Hell Clock começa: no instante em que a história termina. Pajeú, desperta não no sertão, mas no inferno — um purgatório feito de poeira, ossos e demônios.

Cada inimigo que enfrenta não é apenas um monstro, mas um fragmento da memória. Eles são os gritos dos mortos, os soldados que marcharam, a fome que consumiu o povo, os preconceitos que chamaram aquele povo de bárbaro e fanático. O relógio que rege esse inferno gira sem parar, repetindo o ciclo de dor e luta — e a cada volta, Pajeú desce de novo, mais forte, mais marcado, mais perto de libertar a alma de Conselheiro.

Hellclock

Ambientação para um universo brutal

Um dos aspectos mais notáveis de Hell Clock é, sem dúvida, sua narrativa, que utiliza a Guerra de Canudos (1896-1987) como pano de fundo. A história acompanha o trágico Pajeú, na busca de recuperar a alma de seu mentor, enquanto a morte ronda cada decisão e fracasso tem consequências palpáveis. No entanto, a escolha de usar um momento histórico real é mais do que mero gatilho narrativo: insere camadas de esperança, luta e, surpreendentemente, otimismo, mesmo com a densidade temática do inferno literal e metafórico ao qual Pajeú retorna incessantemente.

Essa abordagem histórica se soma a um tom visual bastante expressivo. A arte de traços vibrantes e detalhes grotescos, mergulha o jogador num pesadelo inacabável, potencializado por uma trilha sonora que alterna entre o sombrio e o épico, criando coesão para um jogo de ação frenética. A dublagem é um ponto forte e potencializa o drama; personagens quebrados, vozes marcadas por sofrimento, encaixam-se ao contexto de guerra e resistência.

É preciso pontuar, porém, que a narrativa perde o foco em meio a ação, como é esperado. A velocidade exigida pelo relógio de Hell Clock pode fazer com que trechos da história acabem sendo rapidamente esquecidas ou ignoradas. Há quem perceba Pajeú como enigmático demais, quase impenetrável, o que pode gerar distanciamento emocional — principalmente após maratonas de sessões onde a progressão se sobrepõe à narrativa.

Em contrapartida, cutscenes, diálogos e frases de determinados personagens são capazes de apontar para um momento histórico trágico e sem esperança; a escolha de ambientar Hell Clock em uma espécie de purgatório, inferno, com um período de guerra e massacre é acertado para passar sua mensagem.

Hellclock

Além do relógio

O centro gravitacional de Hell Clock é seu sistema de tempo, que limita cada run a poucos minutos— embora a possibilidade de expandir o limite —; tal escolha resulta numa tensão constante, favorecendo estratégias rápidas e experimentais. Inicialmente, essa mecânica pode soar restritiva, mas logo mostra seu valor: acelera o ciclo de tentativa e erro, incentiva experimentação de builds e cria um senso permanente de urgência. O relógio para apenas em chefes e eventos especiais, demandando decisões cruciais sobre qual caminho tomar, qual recurso arriscar, ou se vale a pena explorar.

Cada morte serve como plataforma para novos upgrades. Coletando Soulstones, o jogador pode investir na evolução permanente de Pajeú, seja ampliando o tempo disponível, desbloqueando portais que pulam andares, ou liberando novas habilidades. As relíquias, equipáveis conforme o espaço no inventário, surgem com bônus e poderes variados — algumas transformadoras de gameplay, outras triviais. Embora o sistema de builds permita alguma variação, o meta acaba favorecendo poucos estilos realmente eficientes, algo notado sobretudo em runs avançadas e modos de maior dificuldade.

O jogo oferece alternativas que expandem a acessibilidade. Há modos Relax, que aliviam a pressão do relógio, e modo Hardcore, onde morrer apaga todo o progresso, elevando o nível de desafio. Servem para adaptar a experiência tanto para iniciantes quanto para aqueles em busca de desafio extremo — um acerto notável no design, embora a variedade de caminhos ainda dependa do equilíbrio das relíquias disponíveis nas runs.

Hellclock

Estrutura, Conteúdo e Repetição

A estrutura de Hell Clock é desenhada para partidas rápidas, mas não superficiais. O jogo conta com três atos principais, cada um com biomas, inimigos e chefes distintos — o suficiente para evitar o desgaste inicial, embora o repeteco das runs seja inevitável a médio e longo prazo. A geração procedural dos mapas, como acontece em boa parte dos roguelites, entrega resultados mistos: cenários com boa atmosfera, mas layouts repetitivos após algumas horas, o que pode cansar quem busca inovação constante na arquitetura dos níveis.

A base central, ou hub, evolui junto com o progresso do jogador. Este espaço não serve apenas como área de descanso, mas como ponto de personalização — novos equipamentos, aumento de slots de relíquias e o desbloqueio de perks via constelações tornam cada retorno ao hub recompensador, diminuindo a frustração das derrotas sequenciais. Essa sensação de avanço persistente é reforçada pelo sistema de memória, que permite redistribuir pontos e experimentar novas abordagens a cada ciclo.

Hellclock

No conteúdo pós-campanha, Hell Clock aposta em uma variedade respeitável: modos ascendentes (ascension) mudam as regras, dificultam runs e alimentam o ciclo para veteranos, enquanto eventos e side-quests fornecem camada extra à aventura. A presença de modos Hardcore e Relax reforça a longevidade. No entanto, a ausência de variedade substancial nos layouts e o design procedural pouco inspirado prejudicam o engajamento de longo prazo.

Performance, Técnica e Polimento

Apesar do design artístico bem resolvido, Hell Clock apresenta problemas técnicos que não podem ser ignorados. A performance em PCs modestos e principalmente no Steam Deck é inconsistente: quedas de FPS são comuns, especialmente nos atos finais e em cenas com muitos inimigos simultâneos. Bugs pontuais, como missões presas e problemas de colisão em chefes, também aparecem, embora não sejam impeditivos para a experiência geral. O suporte a controles é vasto e funciona bem, um ponto positivo para a acessibilidade.

O jogo impressiona em iluminação e clima, com cenas visualmente poderosas que compensam limitações na modelagem de cenários. Entretanto, a ausência de recursos básicos como escalonamento de fonte pode atrapalhar a leitura em portáteis. A trilha é competente e o mix de sons cria tensão, mesmo em momentos onde o gameplay repete padrões. A equipe responsável promete atualizações frequentes — especialmente no campo de otimização e balanceamento –, atenuando parte da preocupação técnica para o futuro.

Hellclock

Embora seu conjunto técnico não prejudique severamente o valor do jogo, é importante ressaltar que a experiência ideal só acontece em máquinas mais potentes, ou para jogadores tolerantes a soluços ocasionais. Bugs de missões inacabadas e freezes em situações de combate intenso podem gerar frustração, mas dificilmente comprometem o todo para os obstinados pelo loop de run-and-upgrade.

 

Um dos melhores títulos nacionais

Hell Clock consolida-se como uma experiência intensa, desafiante e inovadora para quem aprecia roguelites e ARPGs, sobretudo aqueles abertos a experimentação, contexto histórico e desafios que vão além do mero grind. Embora a performance inconstante, o procedural repetitivo e a limitação nas builds sejam pedras no sapato, a criatividade do design, a força da ambientação e a estrutura de progresso recompensador tornam o jogo uma adição distinta e memorável ao gênero.

 

Texto por: Fernando Paixão Rosa