Decode destrincha o sucesso de Among Us

Com certeza você já ouviu falar de Among Us, um game com uma pegada “detetivesca”, que coloca um grupo de jogadores para realizar missões em uma nave espacial, porém com o desafio de ter um jogador sabotador. Cabe aos demais jogadores descobrir quem é o impostor antes que toda a missão espacial seja fracassada. O título virou febre nos últimos meses ao redor do mundo e não por acaso, já é estudado por empresas de análises, como a Decode, empresa de Data Analytics e Performance Marketing. E é sobre isso que vamos falar hoje.

Os brasileiros entraram com tudo na onda do game – dos mais de 100 milhões de downloads, o Brasil já é responsável por mais de 17 milhões. O infográfico produzido pela Decode revela que a procura por Among Us aumentou em 5.900% entre os meses de agosto e setembro, quando o jogo ficou realmente famoso, ainda que tenha sido lançado há dois anos. No YouTube, existem 5.934 vídeos sobre o jogo, apenas no Brasil – publicados entre janeiro e outubro deste ano.

Top downloads – No início de setembro, Among Us ocupava a 12ª posição dos jogos mais baixados na App Store Brasil, mas em apenas 10 dias o jogo subiu 11 posições e conquistou o 1º lugar de jogos mais baixados. Na Play Store, o jogo ocupa a 2a posição no ranking, sendo que atualmente tem 1,2 milhões de usuários ativos, número que aumentou em 1.363% em relação a agosto.

Para Lucas Fontelles, Head de Consumer Insights da Decode, o sucesso de Among Us mostra como os jogos se impuseram no debate público. “Há anos a indústria de games gera mais receita do que Hollywood e, comparativamente, ocupava um espaço muito menor na mídia e nas redes. Hoje já não é o jogo que se torna popular porque o influenciador fala dele, ao contrário, Felipe Neto e Neymar jogam porque o jogo se popularizou”, analisa.

Abaixo você pode conferir alguns dados no infográfico:

Quatro habilidades que todo gamer deve colocar em seu currículo para ser bem sucedido

Já parou para pensar o que diferencia os cyberatletas top de linha de todos os outros que treinam e se esforçam todos os dia para melhorar suas habilidades e não conseguem o sucesso e aclamação do público? Pois foi justamente pensando nisso que o Patrick Soulliere, gerente de marketing global para jogos e eSports da Ballistix, elaborou um mini guia de habilidades que todo gamer deve ter em seu currículo para ser bem sucedido no circuito profissional.

O guia conta com quatro habilidades que todo próplayer deve colocar em seu currículo e foi inspirada após uma postagem do Reddit que mostrava o quanto as habilidades dos jogadores em análise são eficientes para enriquecer o ambiente corporativo. De modo que um jogador contumaz de videogame já é visto de forma diferenciada por empresas ligadas à tecnologia.

Mas então fica a pergunta: como os jogadores podem comparar suas habilidades no campo de batalha às exigências no escritório? E quais são as características que estão incentivando os empregadores a contratar jogadores?

 

  1. Habilidades excepcionais de análise de dados

De acordo com o Dr. Curtis Nicholls, professor adjunto da Freeman College of Management da Universidade de Bucknell, os jogadores muitas vezes utilizam o tipo de análise de dados hardcore que as empresas financeiras buscam em candidatos qualificados para construção de personagens.

“Pense nos mercados de negociação online que existem em Eve, ou em outros jogos de estilo MMO (massive multiplayer online)”, diz Nicholls. “Vi jogadores criarem planilhas online para aqueles que buscam explorar sistemas e trabalhar nas margens. São os modelos de ganhos e perdas. É basicamente um certificado de economia”.

A análise do jogo estatístico conduzida por muitos jogadores MMO se encaixa perfeitamente com as técnicas de análise de dados usadas em empresas financeiras, e o aspecto de resolução de problemas desses jogos pode ser aplicado às tarefas complexas que os consultores financeiros precisam concluir no dia a dia. Tenha isso no seu currículo.

 

  1. Trabalho em equipe

A capacidade de trabalhar ao lado de seus colegas e colaborar com eles em projetos é uma característica que a maioria dos empregadores procura em sua força de trabalho. Os atletas já podem se orgulhar de ser um membro da equipe falando sobre como o futebol ou o hóquei os forjaram líderes e, em breve, os jogadores online poderão falar sobre a colaboração da equipe com a mesma autoridade. Isto é especialmente verdadeiro para jogadores que precisam de estratégia de equipe, como os de Overwatch e League of Legends, onde diferentes habilidades de personagens devem trabalhar juntas para derrotar oponentes experientes.

“Nesses jogos, tudo se resume a trabalhar em equipe e conhecer seus colegas. Trata-se de aproveitar os pontos fortes da sua própria equipe e explorar pontos fracos nas estratégias dos outros times. É desenvolvido em jogos de uma maneira que você não recria com experiências tradicionais”, diz Nicholls.

 

  1. Habilidades de liderança

Entre vinte e quarenta jogadores compõem as corporações invasoras em World of Warcraft, e com isso surgem estruturas de liderança, espelhadas em empresas ou governos. Essas corporações normalmente têm um mestre, que planeja estratégia para o grupo e que é frequentemente responsável pela falha ou sobrevivência do grupo.

Os assistentes e assessores apoiam o mestre, atuando como gerente de projeto para unidades menores dentro do grupo. Para que todos sobrevivam, os líderes precisam se comunicar de forma eficaz e garantir que cada jogador execute seu papel específico. Além disso, a resolução de conflitos é uma habilidade rapidamente aprendida pelos mestres, e quando um jogador enfrenta um desafio, é capaz de demonstrar um pensamento flexível e criar soluções inovadoras para os problemas.

 

  1. Comunicação direta

Alguns escritórios ficam “travados” pela educação e os funcionários muitas vezes sentem que não podem falar com honestidade ou franqueza. Em contraste, bons jogadores geralmente obtêm os melhores resultados, pois têm um estilo de comunicação contundente.

Os melhores jogadores de World of Warcraft (WoW) podem analisar dados em tempo real enquanto gerenciam situações desafiadoras em um ambiente sensível ao tempo. E, como fazem isso online, em vez de cara a cara, desenvolvem um estilo de feedback que é direto ao ponto e, portanto, mais adequado para ambientes de negócios simplificados.

Nesta era digital, os empregadores estão procurando mais do que apenas as habilidades hard e soft tradicionais exigidas de todo candidato. Demonstrar paixões fora da vida profissional e, em seguida, enquadrá-las para mostrar o quão bem adaptadas estão ao cargo desejado certamente será um diferencial. Da mesma forma, descobrir se os candidatos têm habilidades avançadas em jogos – ou talvez até recrutar jogadores – poderia injetar perspectivas interessantes nos locais de trabalho. No entanto, ainda existem preconceitos associados a hobbies como jogos e alguns empregadores os consideram uma atividade de lazer ao invés de uma habilidade.

 

Conclusão

De acordo com Patrick Soulliere, gerente de marketing global para jogos e eSports da Ballistix, “(…)quem quer colocar as capacidades de jogo no currículo, deve considerar o trabalho para o qual está se inscrevendo. Não basta simplesmente mencionar habilidades. É necessário certificar-se que as técnicas aprendidas estão relacionadas à função de trabalho específica, e de que elas sejam relevantes. Há que se analisar o anúncio de emprego adequadamente e descrever quais habilidades podem ser relacionadas com o cargo, e evitar aquelas que o empregador pode não estar interessado”.

Por fim, vale dizer que algumas empresas mais tradicionais podem preferir ouvir que as pessoas gostam de jogar futebol ou ler livros seu tempo livre, mas outras podem preferir saber como o gerenciamento de uma equipe de eSports se relaciona com o papel desejado, e à medida que o jogo se torna mais comum à vida cotidiana, é provável que mais empregadores considerem os jogadores de WoW e Overwatch ao invés de candidatos tradicionais.

 

Texto por Patrick Soulliere

Review – Sword Legacy: Omen – visuais matadores e narrativa empolgam

Aventuras com temática medieval fazem sucesso há muito tempo e nenhuma aventura é mais famosa do que o conto do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda. E é justamente essa ambientação a inspiração para a produção de Sword Legacy: Omen, nova produção conjunta dos estúdios indie Firecast e a Fableware Narrative Design. O título busca recontar a saga de Arthur através de uma nova perspectiva e com uma ambientação muito mais brutal. O game chegou à Steam no último dia 13 de agosto para alegria de quem acompanhou o período de desenvolvimento do game.

A introdução mostra que o reino da Breatnha está dividido em cinco reinos distintos e o sentimento de “terra decadente” é palpável. Nesse ínterim o jogador é apresentado ao comandante Uther Pendragon, que se une ao mago Merlim para escapar de um cerco organizado pelo Duque de Essex. Durante a fuga, a dupla acaba se aliando a improváveis companheiros como o lanceiro Duanne e a ladra Gwen, o sacerdote Felix, a arqueira Flint, o ferreiro Gorr e o bárbaro Ferghus. O macete é que esse time acaba desempenhando papel importante para a tomada do trono pelo Rei Arthur.

Um show gráfico inspirador

A primeira coisa a chamar as atenções em Sword Legacy é seu estilo gráfico em cell shading. Os ambientes e os traços são de cair o queixo e dificilmente você não ficará embasbacado com a riqueza de detalhes que os desenvolvedores empregaram na produção. Em alguns momentos, o jogador vai sentir como se o jogo fosse um quadrinho interativo. Isto é proposital: os diálogos e os ângulos de câmera sugerem inspiração em visual novels dos anos 90.

Após o choque inicial dos gráficos, o jogador toma os controles e percebe que o game segue a cartilha dos RPGs mais contemporâneos, sem deixar suas raízes de lado. Os combates são por turnos e cada personagem do grupo possui habilidades próprias, de modo que montar um time competitivo é primordial para derrotar tantos adversários que surgem nas masmorras. As habilidades individuais, aliás, foram desenvolvidas de modo a refletir a personalidade dos personagens. E sim, a personalidade dos personagens é explorada em cenas interativas.

Exploração de cenários e esquema de batalhas

O interessante mesmo é o foco que Sword Legacy dá para a exploração dos cenários. Você controla até quatro personagens durante a exploração e você pode alternar entre eles a qualquer momento. Todavia, você apenas pode selecionar o personagem ou gerenciar seus atributos antes do início das missões, o que quebra um pouco a liberdade do jogador.

Em alguns momentos o jogador vai sentir-se deslocado, imaginando se os combates não deveriam seguir em tempo real, como ocorre em Diablo III, por exemplo, ao invés de ter a movimentação paralisada para batalhas por turnos, que podem. Por mais de uma vez o jogador vai preferir que a ação não fosse paralisada para batalhas por turno. Pois é a exploração é muito divertida. Você vai passar bons momentos procurando itens escondidos, resolvendo puzzles e desarmando armadilhas.

Ainda que o esquema de batalha por turnos pareça fora de contexto, o jogo consegue ser competente neste aspecto, pois as batalhas não costumam demorar muito e evoluir o nível dos personagens não chega a ser tão difícil. Tudo gira em torno dos Action Points (que é administrada antes de iniciar uma missão). Esses pontos definem quantas ações o jogador pode executar e quais podem ser realizadas. Como se aproximar ou atacar um inimigo no mesmo turno, por exemplo. É necessário malícia e estratégia antes de iniciar uma missão, pois Sword Legacy não preza apenas pela força bruta.

Como funcionam os AP?

E aqui vale uma menção: parece que os desenvolvedores buscaram inspiração mais em jogos de tabuleiro do que em RPGs de turno tradicional. Além dos (AP) Pontos de Ação, o jogador ainda deve administrar os pontos de determinação, que são usados basicamente para “comprar” mais pontos de ação. Esses pontos de determinação, são mais escassos e podem definir os rumos de uma batalha, de modo que o jogador deve usar sabedoria antes de desperdiçá-los.

E o jogador vai precisar de paciência extra para sobreviver às batalhas, já que o nível de dificuldade não mantém uma constância. Alguns encontros com inimigos são fáceis demais, enquanto que outros são tão difíceis quanto batalhas com chefões. Faltou um pouco de nivelamento neste aspecto, o que pode ser frustrante para qualquer jogador.

Nem tudo são flores

Sobre a trilha sonora, aqui vale um destaque especial: os temas são orquestrados e empolgam bastante. Não chegam a surpreender o jogador, porém elas garantem que ninguém vai dormir durante a aventura (e nem nas batalhas). Entretanto, os estúdios poderiam ter se esforçado mais no aspecto sonoro, já que os personagens não foram dublados. Na verdade, os personagens apenas emitem sons estranhos.

Vale a compra?

Mesmo com pontos extremamente negativos e outros positivos, Sword Legacy: Omen é um jogo que merece atenção de fãs de RPG e do público em geral que curte exploração e batalhas estratégicas. Por vezes o jogador vai sentir que os desenvolvedores tiveram preguiça em alguns pontos, todavia nos momentos de inspiração o jogo acaba prendendo o jogador.

Basicamente temos uma montanha russa aqui. O detalhamento gráfico e a ousadia em alternar gêneros tão distintos são fatores que devem ser levados positivamente. A trama é bem interessante e a narrativa não deixa a peteca cair. Vale a compra!

O game está disponível na Steam.

Abaixo tem o trailer de Sword Legacy: Omen:

 

O melhor: visuais cartunescos matadores.

O pior:  falta de dublagem.