Desenvolvedores brasileiros de jogos denunciam condições na Gamescom Latam e exigem melhorias

Um movimento coletivo de desenvolvedores de jogos no Brasil levantou a voz contra as condições oferecidas pela Gamescom Latam, um dos maiores eventos de games do mundo, em uma carta aberta que pede “mais valorização para os jogos e criadores independentes brasileiros”. O documento, que já conta com mais de 200 assinaturas de nomes proeminentes da indústria, expõe uma série de críticas e sugere melhorias urgentes.

A controvérsia ganhou destaque com o relato da desenvolvedora Tiani Pixel, do Studio Pixel Punk (Unsighted e Abyss x Zero). Tiani revelou que foi convidada para palestrar no evento sem qualquer auxílio de custo para transporte, apesar de residir na região metropolitana de São Paulo. Sua desistência da palestra e a subsequente exposição nas redes sociais (que gerou até mesmo ataques coordenados por contas recém-criadas) impulsionaram outros desenvolvedores a compartilhar experiências semelhantes, revelando um panorama de descaso com os talentos nacionais.

As Demandas por um Evento Mais Justo

A carta, elaborada pelo Coletivo Game Devs Unidos (GDU), detalha as exigências dos desenvolvedores. Entre as principais reivindicações estão:

        • Ajuda de custo para transporte e alimentação dos expositores e palestrantes.
        • Remuneração para os palestrantes, que dedicam seu tempo e expertise.
        • Disponibilização de salas de descanso para os desenvolvedores, que chegam a trabalhar 12 horas por dia, de 09h às 21h, durante os cinco dias de evento.
        • Maior segurança no pavilhão, após relatos de furtos, como um tablet roubado de um desenvolvedor no Panorama Brasil.
        • Itens básicos como armários gratuitos para guardar equipamentos e a abolição de multas para quem precisar se ausentar brevemente de seu estande.

 

O documento sublinha a importância do Panorama Brasil, espaço dedicado aos jogos independentes, que é frequentemente apontado como a principal atração para o público. A carta enfatiza que “o Brasil vem se mostrando cada vez mais um polo de jogos independentes incríveis, reconhecidos em todo mundo”, e que o incentivo a esses criadores é benéfico para o próprio evento e seu público.

Contradições e Comparativos

A carta não se limita a apresentar problemas, mas também refuta argumentos que circulam para desmobilizar as sugestões dos desenvolvedores. Um dos pontos centrais é o financiamento do evento. A Gamescom Latam 2025, uma edição de grande porte, registrou 30% mais visitantes que o ano anterior e movimentou milhões de reais em negociações comerciais, além de ter recebido mais de R$ 30 milhões em investimentos, que incluem recursos públicos federais, estaduais e municipais, através de mecanismos como a Lei Rouanet.

Apesar desse orçamento vultoso, a carta compara o tratamento dado pela Gamescom Latam com o de eventos menores, que conseguem oferecer mais apoio e estrutura aos expositores independentes. Essa disparidade levanta questionamentos sobre a alocação de recursos, especialmente quando se observa que influenciadores internacionais têm suas viagens e estadias custeadas, enquanto desenvolvedores nacionais ficam sem apoio básico.

A Gamescom Latam é um evento da Omelete Company, gigante do entretenimento que também organiza eventos como a CCXP e o Anime Friends. Este contexto torna ainda mais evidente a perplexidade dos desenvolvedores em relação às condições oferecidas, uma vez que a empresa possui expertise e capacidade para gerir grandes eventos com excelência. Além disso, a Omelete Company é reconhecida por ser uma potência econômica, desvelando que a falta de auxílio aos indies pode estar mais relacionado a avareza do evento do que com outros fatores

A comunidade de desenvolvedores aguarda um posicionamento da Gamescom Latam, esperando que a empresa reconheça a importância dos jogos independentes brasileiros e implemente as mudanças necessárias para garantir um ambiente mais justo e valorizado para os criadores nacionais.

Para acessar a carta aberta e assiná-la, clique aqui.

Fatec SCS Game Jam – inscrições já estão abertas para desafio de produção de jogos

Após sediar a Global Game Jam por nove anos consecutivos, a Fatec de São Caetano do Sul irá sediar mais uma game jam que promete revelar grandes talentos e grandes jogos em breve. Entre os dias 26, 27 e 28 de julho a instituição será a casa da Fatec SCS Game Jam. As inscrições já estão abertas e entre os diferenciais confirmados estão a mentoria de Flávia Gasi, Gabriela Valentin Thobias, Lia Fuziy e Vinícius Yokomizo Pires.

Todos eles estarão no evento em momentos diversos para compartilhar conhecimentos e experiências com os participantes. O tema ainda não foi revelado, seguindo o padrão das game jams, em que os participantes são desafiados a criar jogos em poucas horas. De acordo com os organizadores, a jam será exclusivamente presencial e os participantes terão direitos totais sobre os jogos produzidos.

O objetivo é fortalecer o desenvolvimento de jogos nacionais e fortalecer a amizade entre os produtores locais. A Fatec SCS Game Jam tem inscrição gratuita e quem participar terá bastante liberdade, inclusive podendo levar seu próprio hardware e software para o evento. Com isso, o participante terá a oportunidade de desempenhar seu trabalho com liberdade e comodidade. As únicas imposições são quanto a comportamentos agressivos e consumo de álcool, conforme já é de praxe.

Se você quiser saber mais e se inscrever na Fatec SCS Game Jam, basta acessar o site.

 

Confira abaixo a programação, que será atualizada até o início da game jam:

 

26/07/2019 (sexta-feira)

  • 18h – Abertura da Fatec SCS Game Jam com a revelação do tema.
  • 19h15 – Aquecimento das equipes e início dos trabalhos.

27/07/2019 (sábado)

  • 14h – Prazo para registro das equipes no site da game jam.

28/07/2019 (domingo)

  • 17h – Término do período de desenvolvimento.
  • 17h30 – Sessão de apresentação dos jogos.
  • 19h – Encerramento da Fatec SCS Game Jam 2019.

 

Serviço – Fatec SCS Game Jam 2019

Quando: 26/07/2019 – 28/07/2019 – 18:00 – 19:00

Onde: Fatec São Caetano do Sul Antonio Russo – São Caetano do Sul – São Paulo – Brasil

Quanto: gratuito

Como as novas mudanças da Steam devem afetar os desenvolvedores indies

Como vocês sabem, a Valve anunciou algumas mudanças importantes na Steam, a maior loja de games digitais do mundo. De acordo com a Publisher, o sistema Steam Greenlight será encerrado em prol de um modelo de negócios mais simples chamado Steam Direct. A medida foi recebida com preocupação por grande parte dos desenvolvedores e até por jogadores. Basicamente a Valve vai cobrar uma taxa para cada game publicado na Steam, ao passo que a votação no Greenlight deixa de existir. O comunicado foi feito na última sexta-feira (10), no blog da Steam.

Enyo, um dos destaques da semana no Greenlight
Enyo, um dos destaques da semana no Greenlight

Veículos americanos informam que a taxa pode variar entre US$ 100 e US$ 5000. Anteriormente os desenvolvedores pagavam US$ 100 anuais e podiam publicar quantos games quisesse. Em outras palavras, vai ficar mais caro para quem é indie publicar um game. A intenção é evitar o acúmulo de jogos ruins na plataforma, visto que um desenvolvedor apenas vai se arriscar publicar um game na plataforma se tiver certeza de que o valor de taxa será recuperado.

O problema é que muitos desenvolvedores indies em início de carreira simplesmente não poderão dispor de recursos para cada game publicado na Steam. Por um lado a Steam vai ficar livre de muitos games dispensáveis; Por outro lado, muitos desenvolvedores (inclusive brasileiros) perderão a chance de ter seus produtos numa das maiores vitrines do mundo. Muitos títulos, aliás, ganharam aclamação de público e crítica após a publicação na Steam.

Don't Starve Together, um dos games mais vendidos da Steam em 2016
Don’t Starve Together, um dos games mais vendidos da Steam em 2016

O Greenlight permitia que os usuários mais dedicados conhecessem milhares de títulos, vissem vídeos prévios e votassem naqueles que compraria se fossem lançados na plataforma. O novo sistema tem uma postura de curadoria, pois há uma série de burocracias e pagamentos que devem ser cumpridos para que o jogo tenha chance de figurar na loja virtual.

“Novos desenvolvedores terão que preencher uma papelada digital, passar por uma verificação pessoal e da sua companhia e apresentar uma documentação parecida com a utilizada no processo de abrir uma conta no banco”, explica a postagem. Há quem acredite que os lucros da Valve não serão afetados com a mudança de posicionamento. Há quem até imagine que essas taxas extras irão aumentar os lucros da companhia, visto que muitos da títulos que farão parte da nova Steam devem ser mais vendidos que a maioria que atulha a plataforma.

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O Steam Greenlight foi lançado na plataforma em 2012 e mais de 4 mil títulos já passaram pela avaliação da comunidade. Estimativas sugerem que cerca de 38% dos games disponíveis na Steam foram publicados apenas em 2016, ou seja, uma alta considerável na publicação de jogos. Não é de se duvidar que a maior parte deles esteja repleto de bugs, sejam ruins ou até mesmo injogáveis. A intenção é tornar os jogos publicados mais selecionados, mais ou menos como as baladas e casas de show costumam fazer quando vendem ingressos mais caros. A estratégia é afastar clones em prol de games mais desenvolvidos e com um orçamento mais alto.

Os pontos negativos da nova Steam Direct

indie-game-characters-790x428Infelizmente, alguns games realmente promissores não chegam nem perto dos US$ 5 mil que a Steam pode cobrar pela taxa de publicação. Pelo lado do público, isto é uma boa notícia, visto que achar um game realmente bom é uma tarefa árdua. Além disso, os games a serem publicados a partir daí devem ter retorno quase imediato, uma vez que a oferta de jogos será mais restrita. Entretanto vale ressaltar que muitas dessas possibilidades não passam de conjecturas, visto que a Valve não divulgou todos os detalhes da Steam Direct.

É bom ver que a Valve está se mexendo para manter a qualidade dos títulos da plataforma, porém as medidas são bem extremas. Para os desenvolvedores indies as mudanças são péssimas se o orçamento for apertado. Felizmente existem outras vitrines de jogos digitais que devem receber mais atenção dos desenvolvedores, ou seja, se você não conseguir publicar seu game na Steam, não precisa entrar em pânico! Para a comunidade, resta aguardar o que a nova Steam aguarda.