Top 7 – Jogos que nunca deveriam ter surgido na Steam

Steam

Nos últimos dias a comunidade de jogadores mundial entrou em polvorosa graças a um game da Steam chamado Rape Day, um título que permitia estuprar mulheres (mas esta é uma história para depois). O interessante é que a reação da comunidade deixou clara uma percepção de que o controle de qualidade da Steam tem problemas sérios. Afinal, como um jogo sobre estupro consegue passar pelo filtro da Steam?

Não é de hoje que a maior loja de jogos digitais do mundo tem problemas com filtro. Rape Day é apenas mais um dos diversos projetos que conseguiram driblar o controle de qualidade de Gabe Newell. Pensando nisso, resolvemos lembrar de 7 jogos que jamais deveriam ter surgido na Steam.

Abaixo você confere 7 jogos que não deveriam nunca ter aparecido na Steam:

 

1 – Active Shooter

Active Shooter

Os Estados Unidos tem um triste histórico envolvendo armas, jovens desequilibrados e escolas. No início de 2018 um atentado perpetrado por Nikolas Cruz ceifou a vida de 17 pessoas na Stoneman Douglas High School, em Parland, Flórida. O ato entrou para a lista das dez maiores tragédias ocorridas em escolas americanas e serviu para acirrar a discussão entorno do acesso a armas de fogo no país.

Como se o ato não fosse triste o bastante, o produtor russo Anton Makarevskiy resolveu capitalizar com o caso criando o game Active Shooter, que permitia ao jogador encarnar a pele de um policial ou de um atirador dentro de uma escola. Quanto mais policiais e civis fossem mortos, maior a pontuação.

Obviamente que a reação pública não foi nada amistosa e rapidamente as famílias das vítimas perceberam o insulto. Um abaixo assinado foi criado e recolheu mais de 100 mil assinaturas, forçando a Steam retirar o game de sua loja antes mesmo do lançamento oficial. Active shooter teria uma premissa FPS e acabou por ser lançado de forma independente, sem nenhum sucesso (felizmente).

 

2- Abstractism

Abstractism

Eis que você entra na sua conta Steam, pesquisa um pouco e decide comprar um jogo simples, mas aparentemente promissor chamado Abstractism. O que você não poderia imaginar é que após a instalação seu antivírus ficaria louco, acusando um malware. Após averiguações de entendidos em informática descobriu-se que o game escondia entre seus ficheiros um Trojan executável capaz de mineirar criptomoedas.

O mais interessante é que apesar de ser um game minimalista, Abstractism exigia um certo poder de fogo do hardware. Como se não bastasse, para ganhar itens no jogo bastaria permanecer o maior tempo possível jogando. Com 15 minutos de jogatina você ganhava itens, com mais trinta, outro item. Ou seja, o jogo queria que você o executasse o maior tempo possível, prática natural para mineirar criptomoedas.

Em julho de 2018 os responsáveis pelo game negaram veementemente que seu título escondia qualquer coisa, mas a mentira não se sustentou por mais tempo: a Steam baniu para sempre o estúdio Okalo Union de qualquer atividade envolvendo a loja. Felizmente a Steam tomou uma atitude rápida, mas deixou a sensação ruim de que é possível que outros jogos podem esconder vírus mais perigosos.

 

3- Ride to Thell

Em meados de 2013 a comunidade de jogadores percebeu que a Quality Assurance da Steam era uma piada, pois foi neste ano que o game Ride to Hell: Retribution da Deep Silver chegou até a Steam com pompa de jogo regrado a tiroteios e testosterona. O game foi um completo fiasco técnico, de modo que muitos o consideraram injogável e um desperdício de tempo e dinheiro.

Além dos inúmeros bugs, a história era um desastre e as cenas eram absurdamente desconfortáveis, sobretudo nos segmentos envolvendo sexo. O cúmulo da falta de noção é que o Hide to Hell tem um sexismo desnecessário e trata as mulheres como objetos. Pasme que em dado momento o protagonista Jake Conway salva uma mulher de ser estuprada e como retribuição a garota decide fazer sexo com o avatar do jogador!?

A (falta de) qualidade de Hide to Hell: Retribution não gerou polêmica, nem causou mal estar na comunidade, mas serviu para evidenciar que a Steam deixava muita coisa horrenda passar, como se não houvesse nenhum filtro de qualidade mínima. Em setembro de 2014 a Valve percebeu a mancada que era deixar o título a disposição de jogadores desavisados e decidiu remover o game de sua loja.

 

4 – Kill the F*ggot

Este aqui não ficou mais do que algumas horas disponível na Steam graças ao seu conteúdo perturbador. Kill the F*gott  (palavra censurada por ser extremamente ofensiva) coloca o jogador no papel de um jovem cujo objetivo era matar gays e transexuais com uma jogabilidade inspirada em point & click.

Conforme o personagem matasse os alvos (identificados por roupas rosas) a pontuação aumentava, mas se matasse um hétero a pontuação diminuía. O cúlmulo do absurdo eram as diversas frases ditas pelos narradores que evocavam ódio, tais como “entregador de AIDS morto!”.

Após a fúria da internet cair sobre si, o criador da obra, Randall Herman, não chegou a se desculpar publicamente. Apenas disse que seu game não tinha intenção de ofender ninguém apenas irritar pessoas pessoas extremamente sensíveis com o tema. A conversa fiada não colou e a Steam retirou seu game do ar rapidamente.

 

5 – Rape Day

E aqui estamos: o game que inspirou esta lista: Rape Day. O título não deixa enganar: trata-se de um jogo em que um dos passatempos é estuprar jovens assustadas. O game é uma graphic novel ambientada num apocalipse zumbi que permite ao jogador realizar atos depravados que vão de assédios, assassinatos, necrofilia e onda de violência desregrada. Era permitido até que o jogador estuprasse as mulheres aterrorizadas.

Este foi o último jogo a ser banido da Steam, que comunicou que a obra representa um risco e custos desconhecidos a sua reputação. A produtora do game, a Desk Plant, disse entender os motivos da Valve e que era direito da empresa de Gabe Newell decidir que conteúdo deve fazer parte de seu catálogo, mas não pareciam muito arrependidos do mau gosto. Em reportagem ao Daily Mail, foi dito que o público-alvo de Rape Day são os 4% da população que são sociopatas e pessoas que “curtiriam bancar o estuprador e assassino em série durante um apocalipse zumbi”.

Rape Day foi removido do catálogo da Steam e provavelmente jamais voltará, apesar de a loja informar que o conteúdo foi suspenso para mera análise de conteúdo.

 

6 – Hatred

Já falamos de Hatred anteriormente  e esta é uma figura fácil na lista de jogos polêmicos (mesmo em tempos de violência). Trata-se de um game que coloca o jogador no papel de um homem que odeia as pessoas e se lança numa campanha homicida.

Sob perspectiva isométrica e ambientes escuros, o jogador poderia deflagrar o caos. Em meio a tiros e banho de sangue, o que se ouve são as sirenes policiais, o choro de inocentes e muita gritaria. Tal como em jogos de péssimo gosto, assim que uma pessoa é morta, o jogador ganha munição e novas armas para continuar sua campanha. O problema não está em matar – uma vez que GTA e outros expoentes fazem isso – mas sim em recompensar o jogador por atos hediondos.

Tal como outros jogos desta lista, Hatred acabou banido da loja, porém apenas um dia depois ele voltou ao catálogo da Steam, com direito a pedido de desculpas pessoal de Gabe Newell, em um plot twist inesperado.

 

7 – The Key to Home

E por fim, temos um jogo japonês que não ficou muito conhecido por aqui e não chegou a fazer grande barulho, já que a Steam foi inclemente com seu conteúdo. The Key to Home se apresenta como uma visual novel típica, ou seja, cheia de mistérios, personagens fofinhos, opções de diálogos e decisões morais questionáveis. O problema era a descrição do game: “Esta é uma visual novel de mistério para todos os senhores e senhoras que adoram pequenas garotas!”.

A Steam pediu satisfações sobre o conteúdo e a Henteku se manteve calada até que o facão da justiça desceu e o game acabou banido da loja. De acordo com a Valve, o título precisou ser retirado pois incentivava e dava espaço para uma rede de pedófilos. As imagens e as insinuações não deixavam dúvidas de que o jogo escondia algo muito mais sinistro do que apenas mistério e pequenas garotas.

Autor: Luiz Ricardo de Barros Silva

Luiz Silva, jornalista de games formado pela Universidade Paulista. Já escreveu para as revistas da Tambor Digital (EGW, Gameworld), para o site Player 2 entre outras coisas. "Sou um entusiasta por videogames, apesar de jovem já tive até um Atari, minha série favorita é Silent Hill".

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