Da Rússia para o Brasil: Game Insight mira nos jogadores brasileiros

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O Brasil não é apenas o foco das empresas de games de mesa, mas também é um dos países mais visados quando o assunto são games mobile e social. Quem não se lembra quando a EA Games anunciou durante a Brasil Game Show que irá investir pesado no mercado de games mobile? Pois bem, uma das empresas mais interessadas no jogador casual brasileiro são os russos da Game Insight, uma empresa dedicada a publicação de games gratuitos para smartphones e redes sociais.

A companhia acabou de iniciar operações no Brasil, trazendo alguns de seus games mais populares para os brasileiros. Para quem não conhece os games da Game Insight, vale dizer que a empresa foi fundada em 2010 e em poucos anos de atividade já alcançou a casa dos milhões de usuários.

Para falar mais sobre a empresa e os planos da companhia para o Brasil, falamos com a gerente da empresa para o Brasil, Silvana Roxo, em entrevista exclusiva. Confira!

 

GameReporter: Como a Game Insight é uma empresa proveniente da Rússia e está chegando agora no Brasil, os jogadores brasileiros ainda não conhecem a companhia. Gostaria de fazer uma breve apresentação da empresa e como são os seus jogos?

Silvana Roxo: A Game Insight é uma desenvolvedora e publicadora global criada em 2010. Nosso foco são os usuários e jogos grátis nas maiores redes mobile e plataformas sociais incluindo iOS, Android, Facebook e Web. Nossa equipe é composta por 400 desenvolvedores que realmente adoram os próprios jogos. Nossa rede interna consiste em uma dúzia de estúdios em constante criação e atualização de jogos com alta qualidade, muitos desses jogos se tornaram Top 1 entre jogos freemium nas lojas de aplicativos mobile e redes sociais por todo o mundo. Estimamos que já tenhamos alcançado mais de 50 milhões de usuários ativos por mês.

 

GameReporter: Quando decidiram iniciar operações no Brasil e por que decidiram investir em nosso país neste momento?

Silvana Roxo: Podemos ver como os jogadores brasileiros amam nossos jogos e isso ajudou a fazer os jogos cada vez melhores. Além disso, o mercado mobile brasileiro está crescendo muito rápido e vemos uma ampla perspectiva aí. A Game Insight está sempre atenta as novidades do mercado e queremos ser a empresa a trazer os melhores jogos ao público mobile brasileiro.

 

GameReporter: Foi muito difícil viabilizar a entrada da Game Insight no Brasil?

Silvana Roxo: Levou algum tempo para fazer nossos jogos para os brasileiros, e isso não é apenas sobre tradução. Nós queríamos que eles fossem totalmente localizados e com funcionalidades específicas para este público.

GameReporter: Os primeiros games lançados por aqui foram Ilha Paraíso, Triboz e Meu Aeroporto, todos eles são versões localizadas de jogos que fizeram sucesso no exterior. Como foi o trabalho de localização desses títulos para o português e a adição de conteúdos especiais para os jogadores da região?

Silvana Roxo: Nós observamos a cultura e as tradições brasileiras. Desenvolvemos itens que estivessem mais próximos ao Brasil e os adicionamos aos jogos que mais se aproximavam dessa visão. Nós queremos mostrar quão interessante e colorido pode ser nossas edições especiais para o Brasil.

 

GameReporter: Além desses jogos, a Game Insight planeja trazer e localizar mais games de seu portfólio para cá? Quais estão na lista e quando teremos mais novidades?

Silvana Roxo: Temos muitas expectativas a respeito do mercado brasileiro. A Game Insight tem um portfólio com muitos jogos incríveis de diferentes gêneros que devem ser trazidos para os fãs brasileiros. Por isso não é uma decisão fácil escolher quais serão os próximos lançamentos, a decisão será feita no final deste ano e então anunciaremos nossos planos no Brasil para próximo ano.

 

GameReporter: De acordo com seus dados, a Game Insight conquistou milhões de jogadores com apenas dois anos em atividade. Qual o segredo deste sucesso todo?

Silvana Roxo: O segredo é ter como foco nossa audiência. Nós a amamos e nosso objetivo é fazê-la feliz! Temos atividades e concursos. Novos conteúdos e atualizações. Tentamos criar sempre o jogo mais interessante com alta qualidade de gráficos e jogabilidade. Somos jogadores também! Gostamos de jogos e de jogar! Sabemos o que queremos em nossos dispositivos móveis e sempre criamos o que queremos jogar.

 

GameReporter: Que tipo de ações e promoções são planejadas para atrair mais jogadores?

Silvana Roxo: Os desenvolvedores criam muito conteúdo. Toda data comemorativa e todo mês nossos jogadores tem algo novo nos nossos aplicativos. Por exemplo – temos o conteúdo do dia das bruxas em todos nossos jogos e coleções especiais, personagens e gráficos. Não é nenhum segredo que em breve teremos liquidações como as das lojas brasileiras com muitas missões divertidas! É impossível falar sobre todos nossos jogos pois, sempre há algo novo a cada atualização.

 

GameReporter: Algum recado para os jogadores que ainda não conhecem o trabalho da Game Insight?

Silvana Roxo: Uma das mais importantes características dos jogos da Game insight é a alta qualidade e que não queremos fazer um monte de jogos, mas os melhores que alguém possa jogar! Não temos anúncios em nossos jogos, todos são grátis e com gráficos coloridos. Jogadores amam nossos jogos e a quantidade de fãs mostram o quanto eles são atrativos. Por isso que podemos dizer para quem nunca jogou “Experimente uma vez que você ficará sempre querendo saber as novidades!”

The Gamer Inside: documentários contam a história dos games no Brasil

the gamer inside

Para quem leva muito a série o ramo dos videogames, vale muito a pena conhecer o projeto  The Gamer Inside, que visa mostrar mais a fundo como funciona o mercado de videogames e a cabeça dos jogadores e das pessoas que movimentam a indústria. Basicamente o TGI foi iniciado em 2010 pelo espanhol Jesús Fabre e trata-se de séries episódicas mostrando algum aspecto da indústria de games no formato documentário.

O motivo de estarmos falando sobre esse projeto aqui no GameReporter é que o TGI iniciou uma série de episódios falando sobre o Brasil. O primeiro deles, inclusive já está no ar. Na série, os idealizadores vieram para algumas das principais capitais do país como São Paulo, Rio e Porto Alegre para conversar com importantes nomes da indústria de games brasileira com o intuito de contar um pouco da história de como a indústria se desenvolveu por aqui.

Entre os nomes que você encontrará na série de vídeos, estão nomes facilmente reconhecidos como Théo Azevedo (editor do UOL Jogos), Moacyr Alves (da Acigames), Stephano Arnhold (da Tectoy), Nino (da banda Megadriver), entre outros nomes.

No primeiro episódio o foco é a infância desses profissionais da indústria e o primeiro contato deles com os jogos eletrônicos. Nos próximos episódios vamos conferir como o Brasil sempre contou com jogadores tão dedicados, e como lidamos com a falta de interesse dos políticos do país durante anos.

The Gamer Inside: assista e comente

O documentário é um belo material de arquivo para conhecer algumas das personalidades mais importantes do setor aqui no Brasil e também para conhecer a história dos games em nosso país. Abaixo está o primeiro episódio da série sobre o Brasil dos jogos:

Entrevista: conheça a história por trás do jogo Cangaço Wargame

Cangaço Wargame

Há cerca de duas semanas o GameReporter esteve na Brasil Game Show 2012 e conversamos com muitos produtores de games lá na feira. Um desses produtores é o Erick Passos da Sertão Games. Para você que se liga no GameReporter, o nome da produtora não é incomum, afinal eles já apareceram em nossas páginas com seu game Cangaço Wargame, que leva as guerras do Sertão brasileiro diretamente para o Facebook (veja o making of). O game faz muito sucesso na rede social, então resolvemos falar com o produtor do game a fim de revelar um pouco mais sobre o desenvolvimento do game. Confira:

 

GameReporter | Desenvolver o game para Facebook foi a primeira opção da Sertão Games?

Erick Passos | Na verdade quando decidimos fazer um Wargame baseado no cangaço, pensamos em desenvolvê-lo para tablets ou iPad. Mas o projeto ficou engavetado por muito tempo (desde 2007). Até que resolvemos retomar o projeto em meados de março de 2012. A primeira coisa que fizemos foi criar um protótipo do jogo em formato de tabuleiro e o levamos para um evento de games, a fim de ver qual seria a repercussão junto ao público. Até percebemos que o jogo funcionava muito bem ao jogar contra um amigo, então veio a ideia de lançar o jogo para o Facebook, onde estão todos os amigos.

 

GameReporter | Qual plataforma foi usada durante o desenvolvimento? Porque escolheram esta plataforma?

Erick Passos | O jogo roda da infraestrutura da Google, a Google App Engine. A vantagem é possui um custo interessante e uma ampla escala de jogadores. Do lado do cliente, escolhemos trabalhar com HTML 4, pois com HTML seria possível fazer um mesmo jogo rodar em diversas plataformas como Mac, Windows, Linux, iPad etc.

 

GameReporter | Sobre a ambientação do jogo, por que a escolha do cangaço?

Erick Passos | Normalmente costumo trabalhar a mecânica do jogo, mas neste caso como optamos por um wargame olhamos para o sertão e pensamos no cangaço onde teriam dois lados a se enfrentar. Decidimos contar história baseada em fatos verídicos, ou seja, sobre algo que realmente existiu na história do Brasil. Foi muito natural o processo, pois o cangaço é o fenômeno mais importante da história de combate armado no Brasil, além de canudos. Além disso, ele foi um fenômeno mais espalhado.

 

GameReporter | Como foi o trabalho de pesquisa sobre esse período histórico?

Erick Passos | Um de nossos maiores colaboradores foi o médico Leandro Cardoso, ele é um colecionador de peças originais do cangaço e um grande pesquisador sobre o tema. Foi com ele que descobrimos que os cangaceiros só atiravam de lado, nunca de frente, porque de lado eles eram apenas meio homens, de frente eram homens por inteiro, (mais fáceis de serem abatidos em combate). Outros detalhes que acrescentamos é o fato de cangaceiros vestirem a cor azul, cangaceiros também não usavam cartucheiras no peito, enfim, descobrimos muita coisa sobre o Cangaço durante o processo de desenvolvimento.

 

GameReporter | Em Cangaço Wargame, a água é um dos itens mais importantes, servindo até mesmo para recarregar energias. Porque ela ganhou tanta importância no jogo?

Erick Passos | O Sertão é uma região muita seca e por isso era o item mais vital para os cangaceiros da época. Cada um deles precisava ter um bom estoque de água para passar pelas áreas do nordeste. Decidimos torná-la um fator decisivo no jogo justamente para transmitir esse senso de importância no jogo. No game, ela serve para treinar personagens, recuperar energia etc.

 

GameReporter | Porque a personagem Bonitinha não participa do combate?

Erick Passos | As mulheres no cangaço, incluindo Maria Bonita, não lutavam. Pois naquela época não era natural a mulher ser combatente. Ainda assim decidimos prestar essa homenagem à essa figura histórica, assim surgiu a personagem Bonitinha, que ao estar do lado de um personagem, lhe dá a opção de atirar duas vezes. É uma analogia ao ato dos cangaceiros defenderem suas mulheres com mais afinco do que quando estavam sozinhos. Então quando havia uma mulher no grupo, os cangaceiros “tornavam-se mais homens”.

 

GameReporter | Como têm sido a recepção dos jogadores após o game cair na boca do povo?

Erick Passos | Tivemos em geral uma boa receptividade. Quem entra e conhece o jogo costuma jogar muitas vezes, e até opinar. Ter esse feedback dos jogadores têm sido algo muito importante para nós e para o desenvolvimento do projeto, assim como a adição do ranking geral no jogo.

 

GameReporter | Foi muito difícil concluir o jogo? Quais foram os principais problemas encontrados?

Erick Passos | Eu diria que não tivemos muitos problemas técnicos, apesar da Sertão ser nova no mercado. A equipe já possuía muita experiência em criação, design e programação, assim como em aplicativos para web. Estávamos em “casa” e sabíamos o que estávamos fazendo em termos técnicos. O maior desafio mesmo foi aprender a fazer marketing, especialmente em uma rede social, ou seja, criar uma expectativa sobre um produto totalmente novo, sem ter nenhum patrocinador. Outro problema que enfrentamos foi com relação ao prazo de desenvolvimento (60 dias). Para cumpri-lo precisamos virar noites e trabalhar excessivamente.

 

GameReporter | Vocês pensam em expandir o conceito? Ou trazer melhorias para o jogo?

Erick Passos | Sim. Aliás, já planejamos lançar uma nova interface de navegação, novos mapas, o efeito Fog of War e novas animações.

 

GameReporter | A Sertão Games tem tido algum retorno financeiro com o Cangaço?

Erick Passos | O Cangaço é um jogo totalmente gratuito. Nada nele é cobrado e pretendemos manter isso para sempre. Ele foi desenvolvido mais como uma porta de entrada para nossos projetos e levar nossas ideias ao público. A ideia era mostrar nosso trabalho e garantir um retorno do público.

 

GameReporter | E sobre os próximos projetos da Sertão, no que vocês estão trabalhando atualmente?

Erick Passos | Estamos começando um novo jogo em cima da mesma temática e com os mesmos personagens. Além disso, há a ideia de produzir outros wargames em cima de outras temáticas e com novas mecânicas, mas ainda não podemos falar muito sobre isso.

 

GameReporter | Gostaria de deixar algum recado para os jogadores?

Erick Passos | Queremos que vocês conheçam nosso jogo e que fiquem à vontade para gostar ou não dele. E se possível nos conte o que achou do game. Fizemos um game para as pessoas desfrutarem. E para quem tem ideia de produzir um game, crie um protótipo, mostre às pessoas e vá em frente.