Conheça Cangaço RPG, o novo game da Sertão Games

Cangaço RPG

Quem não se lembra do Cangaço Wargame, o jogo estratégico mais brasileiro dos últimos tempos? Pois bem, nossos amigos da Sertão Games passaram os últimos meses ocupados com um novo jogo, também ambientado na época do Cangaço. Trata-se de Cangaço RPG, em miúdos uma evolução do que foi feito com Wargame.

Neste novo título que relembra a era dos cangaceiros, a ambição de trazer uma experiência divertida da época do sertão brasileiro foi levada aos limites. A ideia é que as escolhas feitas pelo jogador decidirão o destino que o bando terá até o desfecho da obra, seja o grupo formado pelos Cangaceiros ou pela Volante.

Os jogadores são desafiados a enfrentar duras batalhas pela sobrevivência no sertão. Para sobreviver em ambiente tão hostil os jogadores devem escolher bem suas habilidades e fazer bom uso de itens como armas e plantas medicinais. Além disso, há a opção de “rezar”. Tudo é válido para não ser vencido em combate.

O game mantém a pegada estratégica de Cangaço Wargame, além disso, o time de desenvolvimento trabalha arduamente para tornar o modo campanha singleplayer bastante divertido. Entretanto, os jogadores mais competitivos poderão desafiar os amigos no modo multiplayer em rede social ou pela internet.

untitledO modo de campanha é composto de uma história retratada no ponto de vista de três heróis – cujas tramas podem se desenrolar em sequência ou em paralelo (algo que deve lembrar o recente GTA V). Para entender toda a história é recomendado jogar as três campanhas. Já as batalhas são em tempo real, deste modo o jogador deve utilizar-se de estratégia e atenção simultaneamente se não quiser deixar os inimigos ganharem vantagem.

A ambientação do jogo é digna de nota, afinal Cangaço RPG recebeu consultoria de um historiador de renome em cangaço. Espere então ver roupas, itens e acessórios muito fiéis à época do cangaço. Até mesmo a trilha sonora do game é um fator especialmente produzido para levar à tona o sentimento cangaceiro: a trilha e os efeitos sonoros são criados com instrumentos da região.

Além disso, os temas das músicas e os narradores também são oriundos da região da caatinga. Há até um cordel (poesia original) criado especialmente para o título por um cordelista. Tal poesia será recitada durante as cut-scenes antes das batalhas que compõe o game. A OST completa conta com cerca de 25 músicas próprias, que garante mais um pouco de originalidade ao título.

Uma das pessoas que tiveram acesso ao Cangaço RPG foi o Renato Degiovani, criador do clássico Amazônia e colunista aqui do GameReporter. “Ouvi uma das músicas composta por Carlos Pazuzu, especialmente para o jogo. Eu não tinha visto o jogo ainda, mas ver as texturas e, pelos screenshots, como elas ficariam na modelagem, sob o afeito daquela música maravilhosa foi o suficiente para perceber que estava diante não de um jogo, mas de um grande jogo verde e amarelo. Um game pra brasileiro nenhum se sentir diminuído no cenário da produção de jogos”, disse Degiovani.

Os gráficos do game é outro ponto de destaque, pois foi empregado um processo inédito chamado de “arte analógica”. Neste método, todas as texturas e elementos GUI são feitos à mão, com o emprego de desenhos em nanquim e pintura com lápis de cor. Com certeza esse método é trabalhoso, mas atribui ao game um design único e bastante criativo.

cangaço rpg

Assim que os desenhos são finalizados eles são imediatamente digitalizados em alta resolução para serem aplicados nos modelos 3D do game. Com isso, não espere que o visual do jogo seja nem sequer parecido com o eu se faz em outros estúdios. “Quando ouvi o Erick comentar sobre as texturas do jogo e como eram feitas à mão, pintadas com lápis de cor, acendeu uma luz de alerta na minha cabeça. Vício de designer, afinal, as implicações que essa técnica poderia ter no resultado visual do jogo eram, por assim dizer, instigantes por natureza”, declarou Degiovani.

Cangaço RPG é concebido por uma equipe de 25 pessoas e de acordo com a produtora, os resultados alcançados demonstram um potencial maior do que o projetado inicialmente. O game ainda não está pronto, todavia. Na verdade ele está em fase Alpha, onde os testers podem conferir algumas das funcionalidades do game.

Conforme lembra Degiovani, hoje em dia os games nacionais estão ganhando o mercado mundial, algo que era impensável anos atrás. Cangaço Wargame e o novo Cangaço RPG são exemplos de games brasileiros que têm tudo para conquistar sucesso e credibilidade, não apenas por sua qualidade, mas também por sua temática. É um game com cara de Brasil. Mais informações sobre a produção podem ser acessadas no site oficial.

Abaixo tem o trailer oficial:

Entrevista: conheça a história por trás do jogo Cangaço Wargame

Cangaço Wargame

Há cerca de duas semanas o GameReporter esteve na Brasil Game Show 2012 e conversamos com muitos produtores de games lá na feira. Um desses produtores é o Erick Passos da Sertão Games. Para você que se liga no GameReporter, o nome da produtora não é incomum, afinal eles já apareceram em nossas páginas com seu game Cangaço Wargame, que leva as guerras do Sertão brasileiro diretamente para o Facebook (veja o making of). O game faz muito sucesso na rede social, então resolvemos falar com o produtor do game a fim de revelar um pouco mais sobre o desenvolvimento do game. Confira:

 

GameReporter | Desenvolver o game para Facebook foi a primeira opção da Sertão Games?

Erick Passos | Na verdade quando decidimos fazer um Wargame baseado no cangaço, pensamos em desenvolvê-lo para tablets ou iPad. Mas o projeto ficou engavetado por muito tempo (desde 2007). Até que resolvemos retomar o projeto em meados de março de 2012. A primeira coisa que fizemos foi criar um protótipo do jogo em formato de tabuleiro e o levamos para um evento de games, a fim de ver qual seria a repercussão junto ao público. Até percebemos que o jogo funcionava muito bem ao jogar contra um amigo, então veio a ideia de lançar o jogo para o Facebook, onde estão todos os amigos.

 

GameReporter | Qual plataforma foi usada durante o desenvolvimento? Porque escolheram esta plataforma?

Erick Passos | O jogo roda da infraestrutura da Google, a Google App Engine. A vantagem é possui um custo interessante e uma ampla escala de jogadores. Do lado do cliente, escolhemos trabalhar com HTML 4, pois com HTML seria possível fazer um mesmo jogo rodar em diversas plataformas como Mac, Windows, Linux, iPad etc.

 

GameReporter | Sobre a ambientação do jogo, por que a escolha do cangaço?

Erick Passos | Normalmente costumo trabalhar a mecânica do jogo, mas neste caso como optamos por um wargame olhamos para o sertão e pensamos no cangaço onde teriam dois lados a se enfrentar. Decidimos contar história baseada em fatos verídicos, ou seja, sobre algo que realmente existiu na história do Brasil. Foi muito natural o processo, pois o cangaço é o fenômeno mais importante da história de combate armado no Brasil, além de canudos. Além disso, ele foi um fenômeno mais espalhado.

 

GameReporter | Como foi o trabalho de pesquisa sobre esse período histórico?

Erick Passos | Um de nossos maiores colaboradores foi o médico Leandro Cardoso, ele é um colecionador de peças originais do cangaço e um grande pesquisador sobre o tema. Foi com ele que descobrimos que os cangaceiros só atiravam de lado, nunca de frente, porque de lado eles eram apenas meio homens, de frente eram homens por inteiro, (mais fáceis de serem abatidos em combate). Outros detalhes que acrescentamos é o fato de cangaceiros vestirem a cor azul, cangaceiros também não usavam cartucheiras no peito, enfim, descobrimos muita coisa sobre o Cangaço durante o processo de desenvolvimento.

 

GameReporter | Em Cangaço Wargame, a água é um dos itens mais importantes, servindo até mesmo para recarregar energias. Porque ela ganhou tanta importância no jogo?

Erick Passos | O Sertão é uma região muita seca e por isso era o item mais vital para os cangaceiros da época. Cada um deles precisava ter um bom estoque de água para passar pelas áreas do nordeste. Decidimos torná-la um fator decisivo no jogo justamente para transmitir esse senso de importância no jogo. No game, ela serve para treinar personagens, recuperar energia etc.

 

GameReporter | Porque a personagem Bonitinha não participa do combate?

Erick Passos | As mulheres no cangaço, incluindo Maria Bonita, não lutavam. Pois naquela época não era natural a mulher ser combatente. Ainda assim decidimos prestar essa homenagem à essa figura histórica, assim surgiu a personagem Bonitinha, que ao estar do lado de um personagem, lhe dá a opção de atirar duas vezes. É uma analogia ao ato dos cangaceiros defenderem suas mulheres com mais afinco do que quando estavam sozinhos. Então quando havia uma mulher no grupo, os cangaceiros “tornavam-se mais homens”.

 

GameReporter | Como têm sido a recepção dos jogadores após o game cair na boca do povo?

Erick Passos | Tivemos em geral uma boa receptividade. Quem entra e conhece o jogo costuma jogar muitas vezes, e até opinar. Ter esse feedback dos jogadores têm sido algo muito importante para nós e para o desenvolvimento do projeto, assim como a adição do ranking geral no jogo.

 

GameReporter | Foi muito difícil concluir o jogo? Quais foram os principais problemas encontrados?

Erick Passos | Eu diria que não tivemos muitos problemas técnicos, apesar da Sertão ser nova no mercado. A equipe já possuía muita experiência em criação, design e programação, assim como em aplicativos para web. Estávamos em “casa” e sabíamos o que estávamos fazendo em termos técnicos. O maior desafio mesmo foi aprender a fazer marketing, especialmente em uma rede social, ou seja, criar uma expectativa sobre um produto totalmente novo, sem ter nenhum patrocinador. Outro problema que enfrentamos foi com relação ao prazo de desenvolvimento (60 dias). Para cumpri-lo precisamos virar noites e trabalhar excessivamente.

 

GameReporter | Vocês pensam em expandir o conceito? Ou trazer melhorias para o jogo?

Erick Passos | Sim. Aliás, já planejamos lançar uma nova interface de navegação, novos mapas, o efeito Fog of War e novas animações.

 

GameReporter | A Sertão Games tem tido algum retorno financeiro com o Cangaço?

Erick Passos | O Cangaço é um jogo totalmente gratuito. Nada nele é cobrado e pretendemos manter isso para sempre. Ele foi desenvolvido mais como uma porta de entrada para nossos projetos e levar nossas ideias ao público. A ideia era mostrar nosso trabalho e garantir um retorno do público.

 

GameReporter | E sobre os próximos projetos da Sertão, no que vocês estão trabalhando atualmente?

Erick Passos | Estamos começando um novo jogo em cima da mesma temática e com os mesmos personagens. Além disso, há a ideia de produzir outros wargames em cima de outras temáticas e com novas mecânicas, mas ainda não podemos falar muito sobre isso.

 

GameReporter | Gostaria de deixar algum recado para os jogadores?

Erick Passos | Queremos que vocês conheçam nosso jogo e que fiquem à vontade para gostar ou não dele. E se possível nos conte o que achou do game. Fizemos um game para as pessoas desfrutarem. E para quem tem ideia de produzir um game, crie um protótipo, mostre às pessoas e vá em frente.

Confira o making of do Cangaço Wargame

Cangaço Wargame

Vocês se lembram do Cangaço Wargame da Sertão Games? O GameReporter publicou uma matéria sobre o game há algum tempo e o retorno foi tão positivo que resolvemos falar sobre ele mais uma vez.

Como vocês sabem, o game se destacou por explorar a época do Sertão do Brasil, com toda aquela temática de Cangaceiros e batalhas por turno. O jogo faz muito sucesso no Facebook e tem uma boa galera jogando por lá. Pois bem, vocês já pararam para pensar como é que surgem ideias improváveis como essa? Como é que alguns desenvolvedores descobrem a galinha de ovos de ouro e outros não? E como um conceito simples consegue agradar a multidão?

Hoje o GameReporter traz o Making Of que responde a essas perguntas e como foi o processo de desenvolvimento do jogo. Confira no vídeo logo abaixo: