E se… a Microsoft tivesse comprado a Nintendo em 2004

Em 2004, a Microsoft era a líder incontestável do mercado de softwares para computadores, mas estava lutando para estabelecer uma posição no mercado de consoles de jogos. Por outro lado, a Nintendo era uma empresa de consoles de jogos bastante estabelecida, mas estava lutando para manter sua posição no mercado, com sua mais recente oferta, o GameCube, perdendo para o PlayStation 2 da Sony. É nesse ínterim que ganhava força um boato de que a Nintendo seguiria o caminho da SEGA, ou seja, acabaria produzindo jogos para todas as plataformas e abandonaria a produção de consoles.

Assim, imaginamos como seria o cenário caso o destino da Nintendo tivesse sido sua total assimilação pela Microsoft, que não poupava recursos financeiros para desfiar a hegemonia da Sony. Em primeiro lugar, é importante pontuar que a compra da Nintendo pela Microsoft seria um evento histórico que mudaria completamente o cenário do mercado de videogames.

Benefícios

Uma das principais vantagens da aquisição seria o acesso da Microsoft ao vasto catálogo de jogos da Nintendo. Isso permitiria à empresa de Bill Gates oferecer aos jogadores uma gama muito mais ampla de títulos exclusivos em suas plataformas, o que poderia impulsionar as vendas do Xbox e do Windows.

É notável que a Nintendo sempre foi uma empresa voltada para jogos exclusivos para seus próprios consoles. A Microsoft, por outro lado, sempre teve uma abordagem mais aberta, oferecendo seus jogos em várias plataformas, incluindo consoles concorrentes. Se a aquisição tivesse ocorrido, a Nintendo provavelmente teria se tornado mais aberta a disponibilizar seus jogos em outras plataformas.

Além disso, a Microsoft é conhecida por ter uma forte presença no mundo dos jogos online. Se a empresa tivesse comprado a Nintendo em 2004, é provável que a Nintendo tivesse entrado no mundo dos jogos online muito mais cedo do que o fez. Talvez a Nintendo tivesse se tornado uma das principais empresas de jogos online, em vez de estar sempre um passo atrás de seus concorrentes.

Outro benefício seria a entrada da Microsoft no mercado de consoles portáteis, que era dominado pela Nintendo com o Game Boy e o Nintendo DS. Com a aquisição, a Microsoft poderia competir diretamente com a Sony, que havia lançado recentemente o PlayStation Portable. Outra mudança significativa que a aquisição teria trazido é o hardware da Nintendo. A Microsoft teria recursos e conhecimentos para desenvolver hardware muito mais avançado do que a Nintendo poderia ter feito sozinha. É possível que a Microsoft tivesse lançado um novo console Nintendo com recursos de ponta muito mais cedo do que a própria Nintendo.

 

As coisas poderiam não ser tão boas assim…

No entanto, essa aquisição não teria sido fácil ou barata. A Nintendo era uma empresa estabelecida e muito bem-sucedida, com marcas e personagens icônicos como Mario, Zelda e Pokémon, que eram extremamente populares em todo o mundo. A Microsoft teria que desembolsar uma quantia considerável de dinheiro para adquirir esses ativos valiosos. Além do elevado custo, a aquisição também teria outras desvantagens. A cultura empresarial da Nintendo, por exemplo, é muito diferente da Microsoft, e a fusão das duas empresas poderia resultar em conflitos de gestão e na perda da essência da Nintendo, que valoriza muito a inovação e a criatividade.

Outra preocupação seria a possibilidade de a Microsoft priorizar seus próprios jogos em detrimento dos títulos da Nintendo, o que poderia afetar negativamente a qualidade e o sucesso dos jogos da empresa japonesa. Além disso, a Microsoft poderia ser vista como uma empresa invasora, o que poderia afetar sua imagem entre os fãs da Nintendo.

Além disso, o mundo jamais teria testemunhado o lançamento de plataformas inovadoras como o Nintendo Wii ou o Switch tal como conhecemos. Também é muito provável que a Microsoft tivesse tentado integrar a Nintendo em sua própria marca Xbox, o que significa que a marca Nintendo poderia ter desaparecido completamente, para tristeza dos fãs da Big N. A empresa japonesa tem uma forte identidade de marca e cultura que poderia ter sido perdida sob a gestão da Microsoft.

Outra mudança que a aquisição teria trazido seria a biblioteca de jogos da Nintendo. A Microsoft provavelmente teria mudado a direção de muitos dos jogos da Nintendo, talvez eliminando franquias populares em favor de jogos mais voltados para a ação. Por outro lado, a Microsoft também poderia ter investido em franquias menos populares da Nintendo, dando a esses jogos uma nova vida e uma nova base de fãs.

Uma aquisição também poderia ter levantado questões antitruste, já que a Microsoft já tinha uma posição dominante no mercado de software e a compra da Nintendo poderia ter levantado preocupações sobre monopólio no mercado de consoles de jogos. Observem que a recente compra da Activision tem causando bastante desgaste para os executivos da Microsoft.

Conclusão

No final, é difícil dizer se uma aquisição da Nintendo pela Microsoft teria sido uma jogada brilhante ou um fracasso total. Mas o que é certo é que a aquisição teria mudado significativamente o cenário dos consoles de jogos, e poderia ter tido um impacto significativo no que jogamos hoje. Além disso, teríamos visto mudanças significativas na forma como a Nintendo operava, bem como na biblioteca de jogos que oferecia.

E Se… Silent Hill voltasse?

Desde meados de 2020 a comunidade gamer se depara com um novo rumor sobre a volta da franquia Silent Hill. Em março de 2020, a IGN Brasil noticiou a possibilidade de um “reboot” de Silent Hill. O retorno da série se daria com uma possível reunião de Masahiro Ito (designer de criaturas dos quatro primeiros jogos), Keiichiro Toyama (diretor e roteirista do Silent Hill de 1999) e Akira Yamaoka (compositor de grande parte da franquia). Além de um soft reboot, os desenvolvedores estariam ressuscitando o natimorto Silent Hills. Para aquecer ainda mais os boatos, uma conta oficial e verificada de Silent Hill foi criada no Twitter, em julho de 2020.

Pois bem, entra ano, sai ano e as promessas de um novo Silent Hill ficam para o vento. Mas não custa nada conjecturar: e se a Konami trouxesse mesmo a franquia de volta? O que gostaríamos de ver? Como o jogo seria?

 

KONAMI FARIA POR AMOR, NÃO POR DINHEIRO (AH TÁ)

Silent Hill não tem o potencial de vender horrores depois de tantos anos ausente. E ninguém vai querer microtransações para resolver puzzles!

Antes de responder as outras perguntas, é necessário primeiro investigar se há público para que a Konami decida investir em um novo jogo. Como sabemos, a franquia nunca foi uma super campeã de vendas quando comparada com outras franquias de terror. Estima-se que todos os jogos da franquia venderam juntos cerca de 9 milhões de unidades. Para se ter ideia, apenas Resident Evil 7 vendeu 10 milhões de cópias mundialmente.

Deste modo, é certo afirmar que na hipótese de a Konami estar preparando um novo jogo, seus acionistas e diretores estão cientes que a “salvação” da Konami não se daria através de um Silent Hill. Não sabemos qual a situação financeira da empresa, mas nos últimos anos a empresa sofreu perdas consecutivas de receita. Os investimentos na área de games certamente tem alguma relação. Ainda assim, a venda de cartas de Yu-Gi-OH e as máquinas pachinko parecem estar segurando as pontas.

Assim, vamos imaginar que a empresa estivesse interessada em fazer um novo Silent Hill para satisfazer os fãs ao invés de encher os cofres da empresa. Vale lembrar que apesar de ter uma legião de fãs fiéis, mesmo a saga Silent Hill não demonstra ser capaz de vender mais de cinco milhões de unidades nos dias de hoje. Em nossa análise não há hipótese do estúdio trazer a franquia de volta esperando que um caminhão de dinheiro estacionaria na porta da empresa após o lançamento.

 

Uma história totalmente nova

Se for pra voltar a cidade enevoada, que seja com sapatos novos.

Agora que estabelecemos que a Konami reuniria seus produtores para um último game Silent Hill, vamos conjecturar como ele seria. A primeira coisa é que os jogos antigos devem ficar no passado. A história mostra que os fãs de Silent Hill tendem a se interessar mais por histórias inexploradas, tal como foi a transição de Silent Hill 1 para o 2, ou do 3 para o 4. Quando a Konami pensou Silent Hill 2 como a antagonista do jogo, ao invés de voltar para as histórias de seitas e demônios que permearam o primeiro jogo, abriu-se um leque de possibilidades. Assim,não haveria estranhamento para a introdução de uma história nova com um personagem totalmente novo.

A trama de Alessa, James, Heather ou mesmo de Henry são interessantes e boas o bastante, mas francamente? Um novo Silent Hill deve ter uma história nova, personagens novos, ambientes novos etc. Isso não quer dizer que não se pode utilizar easter eggs, mas para o bem do próprio jogo,seria mais saudável que ele andasse com suas próprias pernas ao invés de se apoiar no que foi feito no passado.

 

Esqueçam Kojima e o P.T

Os fãs de Kojima não estão prontos para isso, mas vou dizer: Silent Hills não volta.

Sim, eu sei. Todos queríamos ter a possibilidade de pôr as mãos em P.T, aquele formidável teaser jogável produzido por Hideo Kojima. O que digo é que Silent Hills ficou em 2014. Já faz sete anos que o título foi cancelado. Não creio ser possível retomar o projeto de maneira satisfatória. Kojima e o próprio P.T são páginas passadas. Talvez um novo projeto possa sim se inspirar nas ideias trazidas da época e em elementos do terror fantasmagórico vivenciado na casa.

Mas esperar apenas pela finalização daquele projeto é pedir pouco. A Konami não pode ter medo de ousar com essa franquia. Seu principal concorrente mostrou que não é necessário temer fugir as próprias raízes. Um Silent Hill totalmente em primeira pessoa pode sim funcionar, uma vez que pode inserir o jogador em uma experiência de terror totalmente pessoal.

 

Menos enfermeiras, por favor

Se fosse um jogo do Mario você esperaria ver o Mario, certro? O game chama-se Silent Hill, não “Nurses from Silent Hill”

Quando você pensa em Silent Hill é fatal que vá imaginar o Pyramid Head, cães raivosos em carne viva, enfermeiras e a neblina onipresente. Pois bem, com exceção da neblina, nenhum outro elemento é indispensável. Todos adoramos o Pyramid Head, mas ele só faz sentidono segundo game mesmo, uma vez que ele personifica angústias do personagem. O mesmo pode ser dito das enfermeiras ou dos manequins. Um jogo novo não precisa desse fan service descarado. Vejam que Silent Hill 4 trouxe toda uma gama de novos monstros e de longe foi o que teve as criaturas mais assustadoras da franquia, mesmo tendo suas próprias enfermeiras…

 

Um único estúdio para a todos governar

Que tal um pouco da loucura da Remedy?

Desde a dissolução do Team Silent a Konami colocou diversos estúdios para produzir Silent Hill. Apesar de cada um ter suas próprias qualidades ficou evidente que faltou um elo de encaixe nos jogos. Tal elo é o que se chama entrosamento no futebol. Para que a franquia volte aos tempos de glória, faz-se necessário que um único estúdio concentre as diferentes produções por vir. Os filmes da Marvel funcionam bem como universo compartilhado justamente porque falam a mesma língua, são geridos pelo mesmo grupo de pessoas. Assim, entendemos que Silent Hill só terá relevância novamente como franquia se os próximos jogos tiverem elementos em comuns, pequenas pinceladas que só podem ser dadas se o artista for o mesmo sempre.

E aí fica a sugestão: caso não for possível trazer o Team Silent de volta, quem sabe um convite para a Remedy não cairia bem? Afinal, esses caras já mostraram eficiência para elementos de terror e suspense.

 

Silent Hill é mais sobre melancolia, não ação

O infame Book of Memories de PSVita. Não é de todo ruim, mas não tem nada a ver com Silent Hill.
O infame Book of Memories de PSVita. Não é de todo ruim, mas não tem nada a ver com Silent Hill.

Por fim, a Konami certamente já caiu na tentação de usar mecânicas de outros estilos em Silent Hill. Vejam que Silent Hill já teve game em point and click, visual novel e até dungeon crawler. O fiasco desses games se dá por uma razão bem simples: o público que consome Silent Hill de verdade não está interessado na ação em si, mas sim na trama, na melancolia, no que está por vir a cada chiada de rádio. As mecânicas podem ser elaboradas, mas jamais pensadas que Silent Hill deve rivalizar com o próximo Call of Duty. O público aqui quer sentir medo, não sentir-se como Rambo numa cidade enevoada. O segredo do sucesso é simples: coloque uma história triste, um personagem quebrado, canções melancólicas, um pouco de piano e pronto!