Os Piores Jogos do Mundo #01: Beat ‘Em & Eat ‘Em, o jogo mais nojento do Atari

Beat

Hoje vamos inaugurar uma nova série no GameReporter, uma especie de retroanalise, porém ao invés de falar sobre jogos clássicos, nesta sessão vamos falar sobre os jogos mais infames e criticados do mundo, abordando diferentes aspectos da produção e o que deu tão errado. O primeiro da nossa lista é um dos jogos que mais receberam críticas negativas desde seu lancamento: Beat ‘em & Eat ‘em, do Atari 2600.

A publisher Mystique era uma pequena produtora de jogos cujo foco eram os erogames (os jogos eróticos), tendo lançado diferentes games ao longo de sua existência, quase todos massivamente criticados. Um dos mais infames e controversos de seu portfólio viria a ser Beat ‘em & Eat ‘em, lançado em 1982 exclusivamente para o Atari clássico. O título praticamente redefiniu o termo conteúdo ofensivo.

Ponto positivo: a capinha deixava claro que o jogo tinha conteúdo adulto.

Beat ‘Em & Eat ‘Em coloca o jogador no controle de duas mulheres nuas na frente de um prédio. No topo do edifício está um homem praticando autoestimulação manual de seu órgão genital até alcançar o auge da excitação sexual. O objetivo é aparar o sêmen do homem antes que ele toque o solo. Sim, o jogo apresenta um indivíduo em flagrante atentado ao pudor e duas mulheres dispostas a degustar o fluído.

O sêmen cai em gotas e o homem fica se movendo de um lado a outro do cenário, de modo que as mulheres devem correr de um lado a outro para completar os níveis. Conforme vai avançando a velocidade aumenta, de modo que a dificuldade fica maior. Ao chegar aos 69 pontos, voce ganha pontos extras.

O jogo foi inspirado nos jogos Kaboom! e Avalanche, porém com controles extremamente mal otimizados, de tal modo que é até difícil controlar a movimentação das personagens. Como se não bastasse, os gráficos do jogo são bem pobres, mesmo para a geração do Atari.

O que deu a péssima fama a Beat ‘em & Eat ‘em não foram os gráficos ou os controles deficientes, mas sim a temática amoral. Seria impensável que alguém lançasse um game com esse mesmo viés nos dias atuais (ou não?). Seja como for, mesmo naqueles anos a Mystique nao saiu ilesa do lançamento controverso: o título recebeu críticas terríveis nos veículos especializados e reclamações dos pais.

Por mais incrível que pareça, o relativo sucesso comercial e fama do jogo foi alcançada justamente pelas diversas reclamações que o jogo recebeu. O velho caso de produtos que recebem demasiada atenção involuntária e gerou a curiosidade da comunidade. Atualmente Beat ‘em & Eat ‘em alcançou o status de raridade entre colecionadores, podendo ser vendido por alguns milhares de dólares.

Porque é tão ruim:

Após o lançamento, os veículos de comunicação da época apontaram que o game nao apenas tinha um conceito nojento e ofensivo, mas também bastante pervertido. Não ajudou o fato de a jogabilidade se tornar enfadonha após alguns minutos de jogatina. As mulheres devem estar no ângulo exato para aparar o sêmen, tornando a jogabilidade difícil nos níveis mais altos.

Se houvesse qualquer grau de originalidade, poderia-se acrescer alguns pontos na nota final, mas na verdade Beat ‘em & Eat ‘em é apenas um plágio de Kaboom! Assim, temos um pacote completo para formar um jogo pronto para desagradar qualquer um, mesmo os jogadores mais tolerantes: uma premissa ruim, pessima jogabilidade e gráficos ruins. Até mesmo a arte de capa reflete a falta de bom senso da Mystique.

Vale ainda dizer que na época em que Beat ‘em Eat ‘em o Atari já sofria pelo acúmulo de péssimos games em seu portfolio como o famoso E.T e o pornográfico Custer’s Revenge (também da Mystique). Esses jogos acabaram por contribuir com a fama negativa dos jogos eletrônicos que desencadeou no desinteresse da comunidade e no consequente Crash dos Videogames. Mas essa é uma história para o futuro.

Abaixo tem um vídeo de Beat ‘em & Eat ‘em:


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Autor: Luiz Ricardo de Barros Silva

Luiz Silva, jornalista de games formado pela Universidade Paulista. Já escreveu para as revistas da Tambor Digital (EGW, Gameworld), para o site Player 2 entre outras coisas. "Sou um entusiasta por videogames, apesar de jovem já tive até um Atari, minha série favorita é Silent Hill".

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