Do leitor: Moacyr Alves conta sua luta pela redução de impostos em games no Brasil

O leitor Moacyr Alves nos escreveu um post interessantíssimo a respeito de sua luta pela redução dos impostos de games no Brasil. Vale a pena ser lido por qualquer jogador, uma vez que toca em um ponto bastante criticado por todos nós: o alto preço cobrado pelos games por aqui…

Não é nenhuma novidade que os preços dos jogos e consoles de videogames no Brasil é abusivo, varias vezes pensei: “porque ninguém faz nada para mudar esse quadro?”

Pois aí que decidi em uma palestra minha realmente colocar isso em prática. Algo que fosse efetivo na luta contra o preço abusivo dos jogos e consoles. Porém, para não julgar errado comecei primeiro a separar o joio do trigo, ou seja, ver quem realmente era o culpado por esse preço abusivo.

Vi com amigos meus que possuem lojas de videogames onde estava o “vilão da história” e acabei por descobrir que donos de lojas de videogames aqui no Brasil são heróis. Além de não terem absolutamente incentivo algum, muitas vezes ganham quantias irrisórias em suas vendas, tendo que remanejar o prejuízo acumulado em um produto com o lucro de outro que teve boas vendagens.

Veja bem estou falando do vendedor honesto, aquele que paga seu imposto e mantém um quadro de funcionários registrados e uma loja física ou virtual sem a venda dos produtos pirateados.

Fiquei me perguntando, então, o que levaria uma pessoa a quase pagar para trabalhar, cheguei apenas a uma conclusão: é o amor que essa pessoa tem pelos jogos, indiscutivelmente. A grande maioria que trabalha com isso é muito apaixonado por games em geral.

No fundo o grande vilão de tudo isso é a enorme carga tributária que esta sobre os games no Brasil. Se você colocar no papel, existe praticamente 250% de impostos em cascata. Aí você pode perguntar: “o que seria isso?”. A idéia é simples, ainda que pese demais em nosso bolso. Um jogo vendido aqui tem vários preços embutidos nele, como por exemplo frete, distribuidor, comissão do vendedor, salário fixo do vendedor, aluguel da loja e por último, e bem pesado, o IPI e o ICMS.

Só o primeiro já vem com 50% de carga em cima do produto e o segundo tem 25%. Ou seja, só de imposto já temos 75% em cima do valor final dele.

Pensei comigo, “vou entrar nessa briga, chega de ficar parado sem fazer nada”. Decidi então fazer uma lista, que chamei de “Menos impostos nos videogames”. Vejam bem, essa lista não é o abaixo assinado “Imposto justo nos videogames”. Essa minha iniciativa já estava correndo praticamente um ano antes dessa ótima campanha da editora Tambor.

Nessa lista juntei várias pessoas que acrescentam a causa: distribuidores, lojistas, acadêmicos e repórteres, e até então vamos discutindo sobre o que fazer para melhorar, tomando a iniciativa. Falei a todos que iria procurar um deputado para nossa causa. Francamente, quando eu disse isso, não imaginava o trabalho que iria ter para achar um.

Comecei por um deputado apresentado por um amigo meu. Quando tudo parecia certo, ele teve problemas pessoais e não pode continuar o projeto. Passei por outros dois, e prefiro nem dizer pelo que passei para não fomentar ainda mais a minha raiva sobre esse assunto.

Depois com a iniciativa da editora Tambor decidi procurar pelo Palocci. Pois a lei 300/07 estava em seu gabinete e pensei que ele poderia nos ajudar em nossa causa. Nesse tive duas decepções, além de nem sequer ser ouvido percebi depois que a lei 300/07 do, na época deputado federal, Carlito Merss, não cobria as necessidades da causa de redução nos impostos nos games. Ela se referia apenas aos produtos nacionais.

Estava bem desiludido e com poucas esperanças, quando um amigo meu, durante uma partida de Halo Wars (de Xbox 360), me disse que tem um grande amigo que também era um deputado em que eu poderia confiar, pois ele já conhecia sua família desde a infância.

O deputado é o Luiz Carlos Buzato. Daí, amigos, fui do purgatório ao céu. Tanto ele quanto sua equipe de gabinete está me dando todo o apoio e também todas as dicas para podermos levar adiante um projeto eficiente de redução de impostos nos games.

Meu otimismo aumentou, porque já temos uma pré-data para uma reunião com o diretor da receita federal. Nesse meio tempo tenho dois meses para preparar planilhas para provar que reduzindo essa carga tributária, podemos aquecer o mercado interno e todos ganhariam com isso.

Diminuiríamos muito o uso da pirataria e não precisaríamos recorrer os meios de importação ilegais para conseguirmos os jogos.

Então essa luta agora esta em uma fase decisiva para mim e não vou descansar até ter isso aprovado e poder comprar meus jogos por aqui.

Nós abriremos um site para quem quiser acompanhar o patamar dessa luta. Este site ainda não está no ar, mais já temos o nome dele. Se chamará “jogo justo”. Quem quiser, já pode acompanhar desde já o andamento do projeto pelo meu twitter ou pela minha página que está em fase de reformulação e terá uma parte só falando do projeto também.

Autor: Dolemes

David de Oliveira Lemes | @dolemes | Editor do GameReporter e do GameOZ. Professor da PUC-SP e consultor na área de educação e tecnologia.

8 comentários em “Do leitor: Moacyr Alves conta sua luta pela redução de impostos em games no Brasil”

  1. Tornar os preços de consoles, jogos e acessorios mais reais(sem trocadilho) é sem duvida uma luta interessante e árdua. O numero de pessoas que compram e consomem neste tipo de segmento seria bem maior que é hoje . O preço alto é um fator limitante….aprovo a iniciativa.

  2. Ola Rubens bom dia.

    Nossa meta principal, alem de baratear os jogos é fazer com que nosso pais seje atrativo para essas empresas de fora, montar base no Brasil.

    O primeiro passo é justamente mudar a fama que temos, com a redução podemos aquecer esse mercado e mostrar para todos que temos potencial.

    Essas empresas estando aqui, poderemos aprender com elas e assim formar profissionais na area, alem dos que já temos.

    Mais o primeiro passo é mostrar que temos um movimento de redução de impostos e incentivo as empresas.

    Abraços Moacyr

  3. Interessante. Gostaria de ver o envovimento da gigantes(Sony, Microsoft, Nintendo, EA Games, Konami, etc) nisso, o que demonstraria interesse no mercado nacional.
    Lembro que a Sony anda reduzindo os preços e parece que há a possibilidade de começar a prensar os jogos no Brasil. A Microsoft eventualmente mexe nos preços do console e jogos. Mas isso não tem sido suficiente.
    Já adicionei o twitter do Moacyr à minha conta e vou acompanhar de perto.
    Parabéns pelo excelente blog!

  4. Rubens Brilhante, tudo bem?

    O GameReporter sofreu ontem um ataque spam… acabei apagando seu comentário sem querer. Eu não te censurei não… mas no meio dos 350 comentários SPAM que entraram, o seu foi deletado junto…. meu desculpe.

    Abs

    David

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