Presidente da Square Enix fala sobre o Latin America Contest e como a empresa vê o Brasil

Em poucos meses a poderosa Square Enix irá organizar um grande concurso de games chamado Latin America Contest. Já falamos dele algumas vezes aqui no GameReporter, contudo este é um pequeno de uma audaciosa estratégia da empresa para portar com os dois pés firmes em território Latino Americano.

Conforme nos contou Yasuhiro Fukushima, presidente honorário da companhia, em entrevista exclusiva, os planos é de abrir um escritório nessa região. E o melhor: o Brasil está na mira da companhia responsável por Dragon Quest e Final Fantasy. Se a ideia correr como espera o executivo, nosso país tem tudo para se tornar um importante pólo criativo e produtor de games em um futuro muito próximo.

Contudo, o Brasil não é o único que está sendo visado pela Square, portanto é necessário que os candidatos ao concurso se esforcem se quiserem a tão esperada oportunidade para trabalhar em conjunto com uma das maiores produtoras de games do mundo.

Além disso, o bom desempenho dos brasileiros pode ser fator decisivo na abertura de um escritório no Brasil. Só nos resta torcer para que os desenvolvedores daqui façam bonito e aproveitem o tempo que ainda resta até o concurso para dar aquela merecida polida em seus projetos.

Confira abaixo a entrevista exclusiva de Fukushima para o GameReporter:


GameReporter: Como surgiu a ideia do Square Enix Latin America Contest?

Yasuhiro Fukushima: Como muitos sabem quando criamos a nossa primeira empresa, a Enix, nosso primeiro passo foi criar o concurso First Game Hobby Program Contest, que foi um sucesso. Acreditamos que a América Latina tem muito potencial de crescimento no mercado de jogos eletrônicos como no Japão daquela época, portanto decidimos criar algo semelhante e descobrir novas IPs.

Existem semelhanças entre este concurso e aquele que você organizou nos tempos da criação da Enix? Quais seriam elas?

Basicamente o formato será o mesmo. Após o encerramento das inscrições será feita uma filtragem dos candidatos que deve durar até setembro. O próximo estágio será selecionar os finalistas e disponibilizar os jogos para votação popular.

O Sr.  já teve alguma experiência com jogos produzidos por brasileiros? Qual a impressão que teve?

Não, ainda não tive nenhum contato, porém estou muito interessado no que os brasileiros são capazes de fazer. Organizamos um almoço com desenvolvedores brasileiros a fim de conhecê-los melhor e discutir sobre o concurso. E até onde soube, os brasileiros são muito inventivos.

Evidentemente foi proposital a escolha pela produção de jogos para plataformas mobile. Gostaríamos de entender como e porque vocês chegaram neste objetivo.

O principal motivo foi o número da população do Brasil e, sobretudo, da América Latina. Acreditamos que seja o momento certo para esta ação. Além disso, o número de celulares é maior do que o de consoles domésticos.

Mas aqui no Brasil o mercado de celulares e games móveis ainda não está no patamar do Japão e EUA. Vocês acreditam que esse é de fato um bom investimento?

Essa é a realidade do Brasil hoje, porém nossos estudos apontam que em dois anos a tecnologia estará bem avançada. Muitos acreditam que o Brasil tem a mania de copiar o que vem dos americanos, porém acreditamos que o crescimento do mercado aqui será explosivo.

Visto que a Square Enix fez estudos sobre o mercado russo e indiano. Há alguma razão especial para o concurso ocorrer por aqui e não em países como China, Rússia ou Índia?

Não há um motivo específico, apenas acreditamos que este seja o momento mais adequado para entrar nesse mercado, que vem crescendo a olhos vistos. Faremos concursos similares nesses países em breve, porém decidimos que a América é um bom lugar para começar esse projeto.

Assim que ouvimos falar da Square Enix no Brasil, já pensamos em algum tipo de Final Fantasy com alguma referência ao nosso país. Contudo, vocês deixaram claro que o plano é buscar novas propriedades intelectuais. Porém há poucos cursos voltados ao game design e o mercado de trabalho ainda é escasso. Você acredita que estamos em condições de lançar um grande titulo?

Ao olhar para todas as indústrias de entretenimento como o cinema música e literatura em cada país do mundo, seja no Japão, EUA ou Brasil, notamos e sentimos que o mercado depende muito do conteúdo produzido localmente. Esse é o padrão em vários locais do mundo e em longo prazo os jogos brasileiros devem ganhar maior importância. É sempre bom, manter a cultura de seu próprio país consumir produtos oriundos de seu próprio país.

De acordo com informações, a Square tem planos de montar uma filial na América latina. Quantos escritórios serão montados e quais serão os critérios levados em consideração para escolher qual país abrigará o novo escritório?

Haverá somente um escritório, mas provavelmente haverá pessoas de diferentes países trabalhando nele.

Naturalmente cada país tem suas particularidades, prós e contras. Estamos estudando como se comportam o mercado Mexicano, Chileno e Brasileiro e esse evento será decisivo para nossa escolha. Podemos adiantar que o maior problema do Brasil atualmente são os altos impostos.

Muito se tem dito por aqui que o mercado de games está em declínio no Japão por causa de uma suposta ausência de “criatividade” dos produtores de lá. Isso é verdade? E a que se deve esse suposto declínio?

Não condiz com a realidade. Esses são boatos criados por alguns profissionais que não fizeram a pesquisa corretamente. Na verdade temos dados que comprovam o quanto o mercado de jogos mobile está em franca expansão no Japão.

Como será a participação da Acigames no concurso?

Basicamente eles agirão como nossos parceiros e ajudarão a promover o evento. Ainda não os conheci pessoalmente, porém devo encontrá-los em breve e discutir algumas questões.

[Nota do redator: o almoço com o pessoal da Acigames ocorreu horas após a conclusão dessa entrevista]

O que achou do Brasil e dos brasileiros?

Infelizmente passei a maior parte do tempo no hotel fazendo entrevistas e tratando de negócios, por isso não tive a oportunidade de conhecer a cidade e as pessoas mais intimamente, contudo, pelo que pude ver, o Brasil é cheio de pessoas interessantes.

Algum recado para os fãs da Square Enix aqui no Brasil?

Estamos vindo para a América Latina com o intuito de buscar novos talentos capazes de desenvolver novos games e esperamos que a empreitada seja bem sucedida e que as pessoas divirtam-se com os jogos que criarmos.

*Agradecimentos especiais ao amigo Wolfigang Emiliano.

Autor: Luiz Ricardo de Barros Silva

Luiz Silva, jornalista de games formado pela Universidade Paulista. Já escreveu para as revistas da Tambor Digital (EGW, Gameworld), para o site Player 2 entre outras coisas. "Sou um entusiasta por videogames, apesar de jovem já tive até um Atari, minha série favorita é Silent Hill".

4 comentários em “Presidente da Square Enix fala sobre o Latin America Contest e como a empresa vê o Brasil”

  1. Muito bom a entrevista, parabens, dificil achar sites com algo realmente interessante para desenvolvedores ;D

    Só falta saber se essa galera que reclama que não faz jogos boms por falta de oportunidade, vão tomar coragem e tentar mostrar que são capazes de algo além de um pong.

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