Opinião: pesquisa suíça coloca responsabilidade sobre games de guerra

gr-modernwarfare2 Comecemos dezembro com um assunto polêmico: qual o real papel dos games? Na última semana de novembro um artigo interessante se alastrou por veículos de comunicação do mundo inteiro. Em pauta estava o resultado de uma pesquisa conduzida por duas organizações suíças de direitos humanos que criticaram os games de guerra e a forma com que a diversão é apresentada.

Segundo a Trial e a Pro Juventute, os games não se preocupam em traduzir leis de guerra. Chegaram à conclusão (que nem precisaria ter sido estudada a fundo, diga-se de passagem) jogando 20 títulos de guerra em consoles; entre eles Army of Two, Call of Duty 5, Far Cry 2 e Conflict Desert Storm; ao lado de advogados especialistas em leis humanitárias.

Mais uma vez, os games foram o foco da pesquisa por permitir uma elevada interatividade no assunto. Na mira dos especialistas, a conduta permitida nos games em diversas situações, principalmente quando os inimigos se rendiam. Em outras palavras, procuraram ver se os jogos eletrônicos seguiam a Convenção de Genebra, uma espécie de guia que, trocando em miúdos, diz o que é uma guerra leal ou não.

Na convenção estão itens como a proibição do uso de armas químicas, munição explosiva ou qualquer material que cause sofrimento desnecessário. A convenção proibe ainda matar alguém que tenha se rendido, determina que deve existir zonas demarcadas para o tratamento de doentes e feridos em cada campo de batalha e que hospitais civis devem ser protegidos, e que cada priosineiro deve ser tratado com humanidade e sem violência. Inútil dizer, os games, assim como quase qualquer nação em guerra, não segue a convenção.

Embora muitos dos jogos penalizassem a matança de civis e a destruição pública, diversos outros permitem que áreas que deveriam estar protegidas fossem devastadas. Outros, para a preocupação dos pesquisadores, mostravam cenas de interrogatórios recheados de tortura. A conclusão nesse ponto é óbvia: os games foram acusados de passar a mensagem errada aos jovens jogadores, o que se tornaria um problema em eventuais casos em que estes jogadores se tornem soldados e participem de batalhas reais no futuro.

Mas, a surpresa é que os autores acreditam que os games não devam ser menos violentos. O que deveriam é incorporar de formas criativas as leis humanitárias internacionais e os direitos humanos.

Sobra a questão a vocês, leitores jogadores, qual a responsabilidade dos games? Os games de guerra devem ser mera diversão ou deve se comprometer com leis de guerra?

[Via BBC]

Autor: Dolemes

David de Oliveira Lemes | @dolemes | Editor do GameReporter e do GameOZ. Professor da PUC-SP e consultor na área de educação e tecnologia.

4 comentários em “Opinião: pesquisa suíça coloca responsabilidade sobre games de guerra”

  1. Eu acho que depende do objetivo dos criadores do jogo, se eles quiserem algo que seja completamente uma simulação do real, eles devem SIM se comprometer às leis de guerra. Mas se a intenção é fazer algo mais far-fetched, eles podem abusar da criatividade e investir na interatividade e imersão, sem deixar de pensar na diversão.

  2. Lol, acho que muitos produtores não devem se importar com leis humanitárias ou coisas do tipo. Certo que muitas das guerras desses games podem não ter havido tais situações. Um jogo de guerra tem um papel muito importante (ou deveria ter) na educação eno sentido humanitário, cooperativo e ajudar a criar algum tipo de senso crítico por meio de rever batalhas históricas, etc, não só um puro festival de sangue para fissurar os jogadores mais novos ou desestressar os mais velhos.

  3. Bom, na minha humilde opinião, essas duas organizações perderam tempo.Todos esses jogos citados nunca se apresentaram como educativos.
    Sobre ensinar leis de guerra e direitos humanos, isso não é responsabilidade de um jogo (a não ser que esse seja intitulado de educativo pelos criadores) mas sim das escolas e da própria mídia (televisão, jornais e revistas).
    Se algum jogador desses jogos se alistar as forças armadas, então é responsabilidade dessa ensinar tais leis.
    Pelo menos eles tiveram o bom senso de falar que os jogos não precisam ser menos violentos.

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