Mostra PLAY! Exposição da Galeria de Arte Digital do SESI em SP é inspirada nos videogames

Mostra Play

Mostra Play

Enquanto uns e outros teimam em ver os videogames como meros instrumentos de lazer, tem muita gente séria e esclarecida mostrando sim que videogame é uma expressão artística. Prova disso é a Mostra PLAY!, organizada na Galeria de Arte Digital do SESI cuja temática é justamente os jogos eletrônicos.

A ação poderá ser vista na Avenida Paulista até o próximo dia 7 de abril de 2013 no período noturno. Quem passar por lá verá um pouco dos traços característicos da história dos videogames, tais como a estética de jogos de corrida, shooter, dungeons, perspectiva em terceira pessoa, etc. A todo são seis obras digitais de artistas comtemporâneos, das quais três são interativas e outras três visuais.

Entre os destaques estarão o Paulista Invaders, uma divertida paródia do clássico Space Invaders. A diferença é que ai invés dos característicos alienígenas, os jogadores encontrarão uma proposta de sustentabilidade colocando carros e bicicletas como personagens centrais. Além dele, podemos apontar uma versão interativa de Tetris chamado LummoBlocks, nele os movimentos dos jogadores são rastreados  por sensores de movimento, transformando os players em peças do game. O barato é que o edifício se transforma em uma tela gigantesca (3 mil m²).

Como se não bastasse, haverão monitores do SESI para ensinar as pessoas a jogarem com o iPad. A mostra PLAY! é a primeira voltada à game arte interativa a céu aberto no Brasil. A ideia dos organizadores quando decidiram criar a mostra é de que os jogos se tornaram uma tendência cultural inserida cada vez mais na vida urbana.

A game arte é considerada uma das manifestações artísticas emergentes mais interessantes da atualidade. Não só por dissolver os limites entre as diferentes formas de arte, já que a forma inculta de entretenimento dos videogames alcançou uma posição importante na estética intelectual no mundo artístico, mas também por obter um potencial interativo, um valor cultural que vai além da tela”, disse Marília Pasculli, curadora da mostra e representante da Verve Cultura, empresa parceira do SESI na ação.

A Mostra PLAY!, da Galeria de Arte Digital do SESI-SP, apresentará as seis obras descritas abaixo:

Obras digitais interativas – que contarão com monitores do SESI munidos da tecnologia necessária para os jogos.

Paulista Invaders (2013) – Suzete Venturelli e equipe Midialab  (Universidade de Brasília)

A obra aborda a ética do cidadão, com foco em dois dos principais problemas de São Paulo: o tráfego de veículos e a poluição do ar. Este jogo interativo e em tempo real foi desenvolvido com exclusividade para a exibição PLAY! e será jogado através de um tablet. Fazendo referência a um dos jogos de tiro mais antigos, o icônico Space Invaders de 1978, o Paulista Invaders defende uma vida verde e sustentável. O jogo de tiro  se estrutura em  duas  dimensões da plataforma de LED do edifício, onde o jogador controla uma bicicleta movendo-a embaixo da tela no sentido horizontal. Para se defender, a bicicleta atira flores nos carros para mantê-los longe. O game explicita uma tentativa de humanizar a Av. Paulista, questionando a qualidade de vida, saúde e despoluição do ar.

LummoBlocks  (2010) – Lummo (Espanha)

A obra é uma nova versão do lendário jogo Tetris, que deve ser jogada por duplas. O mecanismo é semelhante ao do original, porém, neste caso os jogadores controlam as peças com os movimentos corporais, em tempo real, através de sensores. A fachada do edifício mostrará uma versão super dimensionada do Tetris. Um jogador controla a rotação das peças (tijolos), e o outro controla aonde a peça vai cair através de movimentos paralelos ao primeiro jogador. O jogo incentiva a interação, a comunicação, e a colaboração  entre  os  jogadores.  Além de chamar a atenção para nossos espaços urbanos que podem ser modificados, de acordo com a vontade e a visão coletiva dos cidadãos.

Labirintos Invisíveis (2013) – Andrei Thomaz (São Paulo)

A obra consiste numa nova versão do trabalho originalmente desenvolvido em 2008 para web e para celulares Java, baseado no conto “Os dois reis e os dois labirintos”, de Jorge Luis Borges. O jogo apresenta duas mecânicas opostas e os jogadores interagem através de iPads. A primeira propõe o desafio de atingir a saída de um labirinto que é completamente invisível no início da partida. Cada vez que o jogador se move e esbarra numa parede, esta torna-se visível. Entretanto, como o tempo é limitado, não se pode perder tempo tentando tornar todo o labirinto visível. Já na segunda mecânica, o labirinto é visível no início da partida mas, a cada segundo, algumas de suas paredes são apagadas. Entretanto, elas continuam impedindo a passagem do jogador. Assim, o jogo torna-se mais difícil ao longo do tempo, já que o jogador não vê mais quais são os obstáculos no caminho em direção à saída e é obrigado a deslocar-se por tentativa e erro. De uma maneira quase surreal, a obra desafia a memória. A natureza  icônica do labirinto remete ao popular  jogo de 1980, o Pac-Man, considerado um dos clássicos dos videogames.

Obras digitais visuais


Supercut (2007-2013) – Mark Essen (EUA)

Para a mostra PLAY! o artista criou uma espécie de potpourri  de várias obras em vídeo que já criou anteriormente. Entre elas, Nidhogg (2013), Basquetebol Jetpack (2010), Tickleplane (2012), e Flywrench (2007). Tais jogos  fundem a estética dos jogos clássicos de fliperama com a abstração geométrica e a Op-art.


Pixels Deslocados
(2013) – Alberto Zanella (São Paulo)

A obra retrata elementos dos games clássicos que se tornaram precursores do design contemporâneo e do imaginário coletivo. São eles: o Pac-man, Tetris, Super Mario Bros, Another World, Pong, etc. A obra faz uma releitura destas criaturas digitais em situações que fogem do ambiente onde elas sempre estiveram contidas, abusa das cores vibrantes e de grafismos pixelados. Aborda a nostalgia da estética 8bits, dos traços simples e as alternativas criativas da computação gráfica nas décadas de 70 e 80. Alguns destes jogos foram recentemente adquiridos como acervo do renomado Museu de arte moderna MoMA (Museum of Modern Art – New York).


The Game Is Over (2009)
– Les Liens Invisibles (Itália)

A obra consiste num trabalho em vídeo construído a partir das sequências do videogame OutRun, de 1986. No game original, o jogador controla uma Ferrari vermelha, com perspectiva em terceira pessoa. O carro já está com uma garota no banco do passageiro. Eles transitam pela estrada numa paisagem agradável. O game OutRun foi um dos primeiros simuladores de direção, que dava ao jogador a opção de escolher rotas, o que talvez tenha inspirado os artistas a escolherem este jogo para ser modificado, e ainda instigar alguma esperança no ser humano para que ele recupere o controle do desenvolvimento cultural.

WORKSHOP

Além das obras em si, a organização ainda preparou um interessante workshop para aproximar o público dos conteúdos e técnicas para o desenvolvimento de obras e ampliar a discussão sobre a arte digital interativa e a influência dos games na cultura contemporânea. O tema do workshop é “Desenvolvendo jogos para Android com o App Inventor” e será ministrada pelo artista convidado Andrei Thomaz nos dias 02/04 e 03/04 das 10 às 13hs no Espaço Mezanino do Centro Cultural Fiesp.

Confira a ficha abaixo:

 

LAB – WORKSHOP

Ministrado pelo artista Andrei Thomaz. (Total 6 horas)

Dias 2/4/2013 e 3/4/2013 das 10h às 13h

No Espaço Mezanino do Centro Cultural Fiesp – Ruth Cardoso ( av. Paulista, 1.313)

Inscrições limitadas – 15 vagas – pelo telefone: (11) 3146-7383

Os participantes serão apresentados ao App Inventor, ferramenta que permite o desenvolvimento de aplicativos a partir da combinação de blocos de programação. Primeiro, desenvolverão um jogo do tipo shooter de acordo com as orientações do artista, para, em seguida, discutir possibilidades de criar novas versões do jogo, baseadas na sua mecânica.

 

Mostra PLAY! – GRADE DE PROGRAMAÇÃO

25 de março à 7 de abril de 2013

 

20h às 22h – Obras interativas, alterando em 10 minutos cada

LummoBlocks – Lummo

Paulista Invaders – Suzete Venturelli e equipe Midialab-UnB

Labirintos Invisíveis – Andrei Thomaz

 

22h às 6h – Todas as obras em vídeo (loop)

Supercut – Mark Essen

The Game is Over –  Les  Liens Invisibles

Alberto Zanella – Pixels Deslocados

LummoBlocks – Lummo

Paulista Invaders – Suzete Venturelli e equipe Midialab-UnB

Labirintos invisíveis – Andrei Thomaz

Confira o vídeo da Mostra PLAY!

Autor: Luiz Ricardo de Barros Silva

Luiz Silva, jornalista de games formado pela Universidade Paulista. Já escreveu para as revistas da Tambor Digital (EGW, Gameworld), para o site Player 2 entre outras coisas. "Sou um entusiasta por videogames, apesar de jovem já tive até um Atari, minha série favorita é Silent Hill".

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