Quatro habilidades que todo gamer deve colocar em seu currículo para ser bem sucedido

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Já parou para pensar o que diferencia os cyberatletas top de linha de todos os outros que treinam e se esforçam todos os dia para melhorar suas habilidades e não conseguem o sucesso e aclamação do público? Pois foi justamente pensando nisso que o Patrick Soulliere, gerente de marketing global para jogos e eSports da Ballistix, elaborou um mini guia de habilidades que todo gamer deve ter em seu currículo para ser bem sucedido no circuito profissional.

O guia conta com quatro habilidades que todo próplayer deve colocar em seu currículo e foi inspirada após uma postagem do Reddit que mostrava o quanto as habilidades dos jogadores em análise são eficientes para enriquecer o ambiente corporativo. De modo que um jogador contumaz de videogame já é visto de forma diferenciada por empresas ligadas à tecnologia.

Mas então fica a pergunta: como os jogadores podem comparar suas habilidades no campo de batalha às exigências no escritório? E quais são as características que estão incentivando os empregadores a contratar jogadores?

 

  1. Habilidades excepcionais de análise de dados

De acordo com o Dr. Curtis Nicholls, professor adjunto da Freeman College of Management da Universidade de Bucknell, os jogadores muitas vezes utilizam o tipo de análise de dados hardcore que as empresas financeiras buscam em candidatos qualificados para construção de personagens.

“Pense nos mercados de negociação online que existem em Eve, ou em outros jogos de estilo MMO (massive multiplayer online)”, diz Nicholls. “Vi jogadores criarem planilhas online para aqueles que buscam explorar sistemas e trabalhar nas margens. São os modelos de ganhos e perdas. É basicamente um certificado de economia”.

A análise do jogo estatístico conduzida por muitos jogadores MMO se encaixa perfeitamente com as técnicas de análise de dados usadas em empresas financeiras, e o aspecto de resolução de problemas desses jogos pode ser aplicado às tarefas complexas que os consultores financeiros precisam concluir no dia a dia. Tenha isso no seu currículo.

 

  1. Trabalho em equipe

A capacidade de trabalhar ao lado de seus colegas e colaborar com eles em projetos é uma característica que a maioria dos empregadores procura em sua força de trabalho. Os atletas já podem se orgulhar de ser um membro da equipe falando sobre como o futebol ou o hóquei os forjaram líderes e, em breve, os jogadores online poderão falar sobre a colaboração da equipe com a mesma autoridade. Isto é especialmente verdadeiro para jogadores que precisam de estratégia de equipe, como os de Overwatch e League of Legends, onde diferentes habilidades de personagens devem trabalhar juntas para derrotar oponentes experientes.

“Nesses jogos, tudo se resume a trabalhar em equipe e conhecer seus colegas. Trata-se de aproveitar os pontos fortes da sua própria equipe e explorar pontos fracos nas estratégias dos outros times. É desenvolvido em jogos de uma maneira que você não recria com experiências tradicionais”, diz Nicholls.

 

  1. Habilidades de liderança

Entre vinte e quarenta jogadores compõem as corporações invasoras em World of Warcraft, e com isso surgem estruturas de liderança, espelhadas em empresas ou governos. Essas corporações normalmente têm um mestre, que planeja estratégia para o grupo e que é frequentemente responsável pela falha ou sobrevivência do grupo.

Os assistentes e assessores apoiam o mestre, atuando como gerente de projeto para unidades menores dentro do grupo. Para que todos sobrevivam, os líderes precisam se comunicar de forma eficaz e garantir que cada jogador execute seu papel específico. Além disso, a resolução de conflitos é uma habilidade rapidamente aprendida pelos mestres, e quando um jogador enfrenta um desafio, é capaz de demonstrar um pensamento flexível e criar soluções inovadoras para os problemas.

 

  1. Comunicação direta

Alguns escritórios ficam “travados” pela educação e os funcionários muitas vezes sentem que não podem falar com honestidade ou franqueza. Em contraste, bons jogadores geralmente obtêm os melhores resultados, pois têm um estilo de comunicação contundente.

Os melhores jogadores de World of Warcraft (WoW) podem analisar dados em tempo real enquanto gerenciam situações desafiadoras em um ambiente sensível ao tempo. E, como fazem isso online, em vez de cara a cara, desenvolvem um estilo de feedback que é direto ao ponto e, portanto, mais adequado para ambientes de negócios simplificados.

Nesta era digital, os empregadores estão procurando mais do que apenas as habilidades hard e soft tradicionais exigidas de todo candidato. Demonstrar paixões fora da vida profissional e, em seguida, enquadrá-las para mostrar o quão bem adaptadas estão ao cargo desejado certamente será um diferencial. Da mesma forma, descobrir se os candidatos têm habilidades avançadas em jogos – ou talvez até recrutar jogadores – poderia injetar perspectivas interessantes nos locais de trabalho. No entanto, ainda existem preconceitos associados a hobbies como jogos e alguns empregadores os consideram uma atividade de lazer ao invés de uma habilidade.

 

Conclusão

De acordo com Patrick Soulliere, gerente de marketing global para jogos e eSports da Ballistix, “(…)quem quer colocar as capacidades de jogo no currículo, deve considerar o trabalho para o qual está se inscrevendo. Não basta simplesmente mencionar habilidades. É necessário certificar-se que as técnicas aprendidas estão relacionadas à função de trabalho específica, e de que elas sejam relevantes. Há que se analisar o anúncio de emprego adequadamente e descrever quais habilidades podem ser relacionadas com o cargo, e evitar aquelas que o empregador pode não estar interessado”.

Por fim, vale dizer que algumas empresas mais tradicionais podem preferir ouvir que as pessoas gostam de jogar futebol ou ler livros seu tempo livre, mas outras podem preferir saber como o gerenciamento de uma equipe de eSports se relaciona com o papel desejado, e à medida que o jogo se torna mais comum à vida cotidiana, é provável que mais empregadores considerem os jogadores de WoW e Overwatch ao invés de candidatos tradicionais.

 

Texto por Patrick Soulliere


Also published on Medium.

Autor: Luiz Ricardo de Barros Silva

Luiz Silva, jornalista de games formado pela Universidade Paulista. Já escreveu para as revistas da Tambor Digital (EGW, Gameworld), para o site Player 2 entre outras coisas. "Sou um entusiasta por videogames, apesar de jovem já tive até um Atari, minha série favorita é Silent Hill".

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