A polêmica do BIG Festival x Desenvolvedores de Jogos: entenda o caso e a resposta da organização do evento

BIG

Criado em 2012 no Museu da Imagem e do Som (MIS), o BIG Festival se desenvolveu rapidamente de uma pequena mostra de games, para um evento de proporções e importância grandiosa. E não é por menos: foi ele o evento  pioneiro dedicado exclusivamente a jogos independentes do Brasil. Graças a ele os produtores nacionais conseguiram visibilidade e contato direto com o público como nunca antes. Claro, alguns eventos de grande porte como a BGS dedicam algum espaço para indies, mas apenas o BIG nasceu e cresceu com os pequenos produtores como foco principal.

Na última semana a comunidade de produtores nacionais e jogadores presenciaram uma polêmica envolvendo o BIG Festival. Fato este que levou até a produção do evento a escrever uma carta aberta a fim de responder os desenvolvedores. Tudo começou no último dia 18, quando um grupo de 250 desenvolvedores de jogos encaminhou uma carta aberta para o BIG. A carta continha algumas críticas e questionamentos acerca das políticas do evento.

“Viemos através desta apresentar oficialmente nossa insatisfação em relação às escolhas do Festival. Essa insatisfação não é nova e já tem sido comunicada aos organizadores por diversas vezes nos últimos anos, com pouco ou nenhum resultado. Nos preocupa e incomoda que o BIG Festival, que usa em seu nome ‘brazilian independent’, dê tão pouco espaço para nós, os tais desenvolvedores brasileiros independentes”, começava o documento.

Basicamente os desenvolvedores cobram maior transparência da organização em relação aos critérios de avaliação para chegar a ser finalista do evento. Além disso, não viram com bons olhos a participação da Bandai Namco dentro do evento julgando os games nacionais. Também foi cobrada a falta de espaço para jogos feitos por universitário, em detrimento de projetos de empresas já estabelecidas e com recursos grandiosos. Ao final do documento foram levantadas possíveis soluções para os problemas levantados.

Com a polêmica levantada e a assinatura de 250 desenvolvedores, a organização viu que as coisas poderiam evoluir rapidamente para uma situação desfavorável. A princípio o BIG tentou uma reunião com uma comitiva de desenvolvedores, porém a sugestão logo se viu inviabilizada por motivos de deslocamento e escolha dos membros da comitiva. Questionou-se o porquê a organização não responde simplesmente as reivindicações da carta ponto a ponto. Pois bem, a organização do evento ouviu a comunidade e encaminhou hoje (23) para a imprensa uma carta aberta respondendo todos os 16  pontos do documento.

O documento contém 28 páginas e pleiteia esclarecer as dúvidas levantadas. A primeira coisa é que a organização desmente veementemente o rumor de que poderia rolar uma lista negra aos desenvolvedores que assinaram a petição.

“É importante declarar que são boatos totalmente infundados quaisquer possibilidades de retaliação ou lista negra por parte do BIG a quem quer que seja signatário da carta. Não sabemos quem teve a ideia de inventar isso (de fato, vários comentários inventados e não checados circularam, inclusive pela imprensa, esse é apenas um dos mais absurdos deles). Seria totalmente absurdo gerar uma lista negra para uma carta que propõe melhorar o evento”, escreve Gustavo Steinberg, diretor executivo do BIG.
Visando melhorar a comunicação entre evento e desenvolvedores, o BIG continua sugerindo a eleição de uma comissão que represente a categoria. “Sugerimos, porém, que elejam uma comissão que possa trabalhar conosco ainda nesta edição. É difícil para o festival de se comunicar com 250 pessoas ao mesmo tempo. Nossa estrutura é BEM menor do que vocês imaginam”, diz o comunicado.

Na quarta-feira (25) será realizado um encontro entre os desenvolvedores e a direção do evento às 18h no Centro Cultural São Paulo. De acordo com o BIG o evento será transmitido online. Sobre a principal crítica do evento, a parte que fala sobre a falta de transparência e a presença de grandes empresas, o BIG se defendeu dizendo que os patrocinadores não tem influência na escolha dos jogos finalistas.

“O BIG é um evento de games que engloba diversos patrocinadores, associações, e órgãos, porém as associações e entidades não têm participação nenhuma na seleção dos jogos do festival, sendo escolhido um grupo de curadores que não tem ligação com as mesmas. Pedimos que casos específicos sejam encaminhados para que possamos apurar e responder à altura”.

Mais informações podem ser vistas no site do evento.


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Autor: Luiz Ricardo de Barros Silva

Luiz Silva, jornalista de games formado pela Universidade Paulista. Já escreveu para as revistas da Tambor Digital (EGW, Gameworld), para o site Player 2 entre outras coisas. "Sou um entusiasta por videogames, apesar de jovem já tive até um Atari, minha série favorita é Silent Hill".

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